Texto Base: Gênesis 27
A construção deste texto não começou de forma premeditada, com a intenção de apresentar algo diferente, que jamais tenha sido abordado, mas consiste numa pequena porção do alimento diário que cabe a um velho pastor fornecer às suas ovelhas. Se por um lado sou movido por uma tendência a escrever, sinto-me inibido em publicar as coisas que escrevo.
De forma quase espontânea, nossa tendência é explorar as virtudes dos personagens bíblicos e omitir seus fracassos. Creio, porém, que podemos aprender muito com os pontos negativos quando analisados de forma sincera e despretensiosa, no afã de conhecer a vontade de Deus para nós.
Sinto-me muito à vontade para falar de família. Meus melhores momentos e minhas melhores lembranças, desde minha tenra infância, estão ligados à minha família, mais especificamente às nossas reuniões à mesa para fazermos nossas refeições diárias. Pena que este momento singular em família esteja sendo sufocado pelo progresso e pela evolução dos tempos, porém, não consigo visualizar nada que possa, em valores, substituí-lo. Precisamos encontrar um tempo para dialogar em família, seja a qualquer hora do dia ou da noite. Ele é impar!
Em sua grande maioria, os conflitos familiares vividos em nossos dias têm suas raízes na falta de um momento diário de comunhão familiar. Em muitos lares, não há mais espaço, nem tempo, para o culto doméstico, para o diálogo entre pais e filhos, para as inocentes historinhas infantis, para uma inspeção nos cadernos escolares, para uma ajuda nos deveres de casa, para se falar de qualquer coisa. As famílias atuais se tornaram verdadeiras “Torres de Babel”, porém, elas não começaram a ser erguidas em nossos dias. Seus alicerces são profundos e remontam a um passado bem distante de nós. Se de fato desejamos lares abençoados, creio que a família de Isaque e Rebeca com seus dois filhos, Jacó e Esaú, não serve de modelo, antes, porém, consiste num bom exemplo de como não deve ser um relacionamento familiar e no que precisamos atentar para não cairmos nos mesmos laços!
Qualquer leitor atento, mesmo não sendo um especialista em “Terapia Familiar”, irá facilmente concordar que a causa principal de tantos conflitos na casa de Isaque tem sua origem na falta de comunhão entre seus membros.
Minha intenção não é apresentar nenhum tratado teológico ou filosófico, tampouco desejo fazer um ensaio psicoterápico sobre relacionamento familiar. Meus parcos conhecimentos não me permitiriam ir além do trivial. Porém, que me permitam os behavioristas que dominam o assunto, apenas conjecturar sob a ótica pastoral, alguns pontos que, ao meu ver, marcam a história da família de Isaque. Isaque tinha em sua casa uma imensa “Torre de Babel!”. Examinemos, a sua história:
O RELACIONAMENTO ENTRE ISAQUE E REBECA
A construção deste texto não começou de forma premeditada, com a intenção de apresentar algo diferente, que jamais tenha sido abordado, mas consiste numa pequena porção do alimento diário que cabe a um velho pastor fornecer às suas ovelhas. Se por um lado sou movido por uma tendência a escrever, sinto-me inibido em publicar as coisas que escrevo.
De forma quase espontânea, nossa tendência é explorar as virtudes dos personagens bíblicos e omitir seus fracassos. Creio, porém, que podemos aprender muito com os pontos negativos quando analisados de forma sincera e despretensiosa, no afã de conhecer a vontade de Deus para nós.
Sinto-me muito à vontade para falar de família. Meus melhores momentos e minhas melhores lembranças, desde minha tenra infância, estão ligados à minha família, mais especificamente às nossas reuniões à mesa para fazermos nossas refeições diárias. Pena que este momento singular em família esteja sendo sufocado pelo progresso e pela evolução dos tempos, porém, não consigo visualizar nada que possa, em valores, substituí-lo. Precisamos encontrar um tempo para dialogar em família, seja a qualquer hora do dia ou da noite. Ele é impar!
Em sua grande maioria, os conflitos familiares vividos em nossos dias têm suas raízes na falta de um momento diário de comunhão familiar. Em muitos lares, não há mais espaço, nem tempo, para o culto doméstico, para o diálogo entre pais e filhos, para as inocentes historinhas infantis, para uma inspeção nos cadernos escolares, para uma ajuda nos deveres de casa, para se falar de qualquer coisa. As famílias atuais se tornaram verdadeiras “Torres de Babel”, porém, elas não começaram a ser erguidas em nossos dias. Seus alicerces são profundos e remontam a um passado bem distante de nós. Se de fato desejamos lares abençoados, creio que a família de Isaque e Rebeca com seus dois filhos, Jacó e Esaú, não serve de modelo, antes, porém, consiste num bom exemplo de como não deve ser um relacionamento familiar e no que precisamos atentar para não cairmos nos mesmos laços!
Qualquer leitor atento, mesmo não sendo um especialista em “Terapia Familiar”, irá facilmente concordar que a causa principal de tantos conflitos na casa de Isaque tem sua origem na falta de comunhão entre seus membros.
Minha intenção não é apresentar nenhum tratado teológico ou filosófico, tampouco desejo fazer um ensaio psicoterápico sobre relacionamento familiar. Meus parcos conhecimentos não me permitiriam ir além do trivial. Porém, que me permitam os behavioristas que dominam o assunto, apenas conjecturar sob a ótica pastoral, alguns pontos que, ao meu ver, marcam a história da família de Isaque. Isaque tinha em sua casa uma imensa “Torre de Babel!”. Examinemos, a sua história:
O RELACIONAMENTO ENTRE ISAQUE E REBECA
Que valor tinha Rebeca para Isaque?
“Assim habitou Isaque em Gerar. Então os homens do lugar perguntaram-lhe acerca de sua mulher, e ele respondeu: É minha irmã; porque temia dizer: É minha mulher; para que porventura, dizia ele, não me matassem os homens daquele lugar por amor de Rebeca; porque era ela formosa à vista. Ora, depois que ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher. Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por sua causa” (Gn 26. 6-9).
É difícil imaginar um marido entregando sua própria mulher a quem ele ama para um outro homem, mesmo com a justificativa de que esta seria a ultima alternativa para salvar a vida de ambos. Imagino Rebeca, algum tempo depois, de vez em quando, lembrando a Isaque este seu desvio. Porém, alguém poderia argumentar que naquela época as mulheres obedeciam cegamente seus maridos. Sim, é verdade, mas isso não os afasta nem um pouco do cerne dos conflitos. Como poderia Rebeca entender um “Eu te amo” de Isaque com o fantasma daquele trauma a sussurrar-lhe aos ouvidos: “Ele a ama tanto quanto a qualquer um de seus camelos!”. Logo, que segurança pode sentir uma mulher ao lado de um homem frouxo, incapaz de defendê-la? E pior, alguém capaz de entregá-la ao primeiro que o ameaçasse para salvar a própria pele!
Lembrem-se de que não estamos falando de qualquer casal, mas de Isaque e Rebeca, aqueles sobre os quais havia uma promessa: “... e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra ...” (Gn 26. 4). Por que razão um homem de Deus tem, às vezes, uma dessas “torres” edificada dentro de casa e age como Isaque?
Como afirmamos anteriormente, para se conhecer aquela “Torre de Babel” edificada na casa de Isaque temos que voltar um pouco na história: Seus alicerces estão plantados na casa de seu pai, Abraão!
Parece até que posso ouvir um daqueles fariseus dos tempos de Jesus: “Pastor, você agora passou dos limites! Como você ousa afrontar assim nosso Patriarca?”.
“Calma amigo”, eu diria. A história do patriarca apenas se repete na casa do filho. A única coisa que Isaque faz é somar alguns tijolos na torre de seu pai!
“Quando ele (Abraão) estava prestes a entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista; e acontecerá que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é mulher dele. E me matarão a mim, mas a ti te guardarão em vida. Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma em atenção a ti. E aconteceu que, entrando Abrão no Egito, viram os egípcios que a mulher era mui formosa. Até os príncipes de Faraó a viram e gabaram-na diante dele; e foi levada a mulher para a casa de Faraó. E ele tratou bem a Abrão por causa dela; e este veio a ter ovelhas, bois e jumentos, servos e servas, jumentas e camelos” (Gn 12. 11-16).
“Partiu Abraão dali para a terra do Neguebe, e habitou entre Cades e Sur; e peregrinou em Gerar. E havendo Abraão dito de Sara, sua mulher: É minha irmã; enviou Abimeleque, rei de Gerar, e tomou a Sara. Deus, porém, veio a Abimeleque, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Eis que estás para morrer por causa da mulher que tomaste; porque ela tem marido. Ora, Abimeleque ainda não se havia chegado a ela: perguntou, pois: Senhor, matarás porventura também uma nação justa? Não me disse ele mesmo: É minha irmã? e ela mesma me disse: Ele é meu irmão; na sinceridade do meu coração e na inocência das minhas mãos fiz isto. Ao que Deus lhe respondeu em sonhos: Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim; por isso não te permiti tocá-la; agora, pois, restitui a mulher a seu marido, porque ele é profeta, e intercederá por ti, e viverás; se, porém, não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu. Levantou-se Abimeleque de manhã cedo e, chamando a todos os seus servos, falou-lhes aos ouvidos todas estas palavras; e os homens temeram muito. Então chamou Abimeleque a Abraão e lhe perguntou: Que é que nos fizeste? e em que pequei contra ti, para trazeres sobre mim o sobre o meu reino tamanho pecado? Tu me fizeste o que não se deve fazer. Perguntou mais Abimeleque a Abraão: Com que intenção fizeste isto? Respondeu Abraão: Porque pensei: Certamente não há temor de Deus neste lugar; matar-me-ão por causa da minha mulher. Além disso ela é realmente minha irmã, filha de meu pai, ainda que não de minha mãe; e veio a ser minha mulher. Quando Deus me fez sair errante da casa de meu pai, eu lhe disse a ela: Esta é a graça que me farás: em todo lugar aonde formos, dize de mim: Ele é meu irmão. Então tomou Abimeleque ovelhas e bois, e servos e servas, e os deu a Abraão; e lhe restituiu Sara, sua mulher” (Gn 20. 1-14).
Creio que Isaque tenha ouvido muitas vezes essa história da boca dos próprios pais e no momento em que se viu em apuros tratou de colocar em prática o que aprendera: “Se meu pai fez, por que não posso também eu fazer o mesmo?", talvez tenha pensado. Nossa tendência é procurar imitar nossos pais.
Não sou um grande apreciador da Música Popular Brasileira, tampouco farei apologia à que citarei aqui, mas o farei apenas para ilustrar o que afirmei acima. Lembro-me, do tempo de minha juventude, de uma música gravada primeiramente pelo cantor Belchior e posteriormente por Elis Regina intitulada, se não me engano, “Como Nossos Pais”. Um trecho da música que se enquadra muito bem neste assunto é: “(...) minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Estamos apenas edificando a mesma “torre” que eles começaram, não necessariamente uma “babel!”. Bom seria se fosse sempre uma torre de Atalaia.
Isaque atribuía à Rebeca o mesmo valor que seu pai, Abraão, atribuiu à Sara sua mãe!
Pr. Antônio Luiz F.