quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O POVO GOSTA! Pronto: está no altar!! [grifo meu]


“...com a boca professam muito amor,
mas o coração só ambiciona lucro” (Ez 33.31)
Espera-se que empresários, publicitários e comerciantes, possuam um faro apurado para descobrir o que apetece o gosto da clientela. Faz parte do “tino” comercial. Há muitas coisas que o povo gosta, e pode lucrar quem percebe o gosto popular. Foi uma longa sucessão de erros e acertos que permitiu à Coca-Cola encontrar a fórmula ideal que agradasse totalmente a seus consumidores, levando-os hoje a comprar milhões de unidades anualmente em todo o mundo.

Descobrir a preferência popular também tem sido a preocupação de líderes, pastores e ministérios que levam o nome de Jesus. O problema aqui não é o sucesso que eles obtêm, mas o fato de terem adaptado a fórmula (leia-se: Evangelho), ao gosto popular. O que o povo gosta? Então é isso que será oferecido: às favas a ética, a fidelidade à Palavra, os ensinamentos de Cristo, as doutrinas neotestamentárias, ou a Verdade... o que importa é que o povo seja um consumidor satisfeito e feliz.

Vejamos algumas estratégias utilizadas ao arrepio da Palavra, mas bem ao gosto do poviléu:

1) Pode parecer coisa de somenos importância, mas até o nome da igreja é pensado para atingir a preferência popular. Quando ela tem um nome que a identifica com o bairro, tipo “Igreja X do Jardim Robrú”, não cai bem aos ouvidos dos fiéis. É preciso que o nome mostre grandiosidade, pois embora seja gente humilde, há um gosto secreto pelo pomposo; possuem localização periférica, mas sonham em fazer parte de algo muito maior. Por isso os líderes sintonizados com o gosto popular batizam seus ministérios como sendo de ordem “Mundial” ou ao menos “Internacional”, e até mesmo “Universal”, mesmo antes de sair da periferia. Por que agem assim? O povo gosta.

2) Ao convidar pastores para participar de suas festividades, eles precisam ser famosos e possuir um currículo de “cruzadas de milagres”. Embora Jesus tenha dito que dos homens nascidos de mulher não havia ninguém maior que João Batista, este, entretanto, nunca fez um milagrezinho sequer (Jo 10.41). Logo, ninguém convidaria João para um evento. O povo gosta de tudo que é glamoroso; um convidado que chega de ônibus ou num carro vazando óleo não é boa propaganda do ministério, mas se ele surgir num reluzente automóvel e muitos assessores esperando, isso significa unção e poder. O povo vibra.

3) Nossos patrícios gostam de coisas fantásticas: menina-pastora de 6 anos, homem que morreu e voltou, demônios que dão entrevista, ex-bruxo, ex-guru, ex-vedete.... não basta ter vivido os erros comuns de todos os mortais: precisa ter errado muito. O povo se encanta.

4) Nossa gente dá muito valor a rituais. Se a Bíblia ensina que basta pedir a Deus com fé simples e orar ao Senhor assentado solitário em sem quarto, provavelmente não farão. Mas se o guia espiritual pede para acender velas, escrever num papel, queimar na fogueira e beber água orada, ele o faz. O povo adora fórmulas.

5) Tornou-se comum nas programações das rádios surgir em meio às palavras do pregador um “dekantalabachúria” ou um “ripalabassuriondera”. O que é isso? É uma tentativa de demonstrar “intimidade” com o Espírito, como se fosse o dom de glossolalia. Obviamente trata-se de uma farsa, posto que contradiz todas as normativas que o apóstolo Paulo faz do assunto em I Coríntios 14, ou seja: [1] “quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus”, (portanto não edifica a outrem); [2] “se, com a língua não disserdes palavra compreensível, como se entenderá?”, (com isso banalizam o dom divino e jogam palavras ao vento); [3] “o que fala em outra língua deve orar para que a possa interpretar... não havendo fique calado” (o que nunca acontece, pois são desobedientes); [4] “se puserem a falar em outras línguas na presença de incrédulos, não dirão que estais loucos?” (sim, dirão, e provavelmente estão). Tudo isso, na verdade é uma exibição de imaturidade espiritual.... mas o povo admira tudo o que não compreende.

6) Jamais pregam sobre pecado, arrependimento, santidade, ou viver em comunhão. Isso desagrada a clientela. Seus temas recorrentes são: vitória, prosperidade, conquista, cura, vitória novamente, unção, cabeça e não cauda, pisando os inimigos, e outra vez vitória. É como se a pregação bíblica resumisse a isso. Mas o povo deseja ouvir as mesmas coisas semanalmente.

Jesus, que não ia atrás da opinião do povo, nunca correu atrás de ninguém melhorando a oferta, nunca regateou as condições para participarem do Reino, nunca fez liquidação para alguém entrar no céu ou alargou o caminho estreito para facilitar-lhes a vida. Ao contrário, a partir de certo momento de seu ministério a multidão começou a abandoná-lo (Jo 6.66), escandalizada com suas palavras. Na verdade, a multidão sempre foi um impedimento para que muitos chegassem a Ele (vide a mulher do fluxo de sangue e o cego de Jericó). Certa vez Jesus havia se “retirado por haver muita gente naquele lugar” (Jo 5.13). Desconfio que Ele continua fazendo o mesmo hoje.

Seguir as inclinações do povo é perigoso: a massa anseia por espetáculo, não verdade. A massa se enfada rapidamente, daí a necessidade de atrações permanentes. Deus nos livre de fazer parte de um rebanho de tolos! E Deus nos proteja dos guias espirituais interessados em fazer a vontade do rebanho.

Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Por que a presunção absolutista de alguns dos adeptos da fé reformada? (PARTE III- FINAL).


Certamente quero fugir de generalizações no texto que segue, e o título dá pistas sobre isso. Também não quero ferir ninguém em seus preceitos de vida, quaisquer que sejam eles: Cada um tem o seu.

Precisamos sim falar da religiosidade salugênica e da religiosidade patogênica. Da religiosidade saudável e da religiosidade doentia (não saudável), respectivamente.
Existem tantos modismos, e atrações religiosas espetaculares, em nossos dias; tantas loucuras em nome de um evangelho de valor comercial - barato por sinal - que são fábulas profanas ditas em nome da "Loucura do Verdadeiro Evangelho", com certo embasamento bíblico, certamente distorcido. Isso todo mundo sabe (!).
O que eu percebo é que poucos param e refletem de forma madura sobre os efeitos reais desse tipo de religiosidade. Aliás, "nosso povo" nem é tão estimulado a pensar - um leigo que pensa criticamente pode abalar o jogo social-eclesiástico, as alianças de poder do líder religioso. Sendo assim, bom é que todos fiquem na "onda do movimento de deus", super estimulados a reagir cegamente frente ao toque do sobrenatural. Essa é a religiosidade patogênica: fomenta esquizofrenia das mais diversas - reforça o dualismo Corpo (mal) X alma (boa).
A religiosidade saulgênica é aquela ensinada por Jesus, relatada nas sagradas escrituras. Jesus tinha conhecimento da lógica repressora e excludente de sua época tanto quanto autoridade para expelir os demônios que alimentavam de alguma forma a força do império, a estrutura que esmagava "os simples e humildes de coração".
Um exemplo: Precisamos estar atentos ao que temos cantado em nossas Igrejas, música é teologia. A Igreja é o que ela canta. Hoje mesmo ouvi a metáfora do Jesus envolto em uma manjedoura. Temos pregado em nossas músicas um evangelho da palha da manjedoura, ao invés do menino - "Emanuel" - que veio nos ensinar a ter vida e vida em abundância.
Fechado esse parêntesis, voltemos ao tema sobre "alguns reformados", lógicamente fazendo, ou pelo menos tentando, a costura de tudo o que já foi escrito:
Considerando a necessidade de uma religiosidade salugênica aos moldes de Jesus, o Cristo, e nosso contexto hoje; na minha opinião, o calvinismo, e "derivados" é incompatível com "a vida tal como ela é" e se desenha no cotidiano. Imaginemos, e reflitamos, sobre o que significa um "eleito por Deus" vivendo em um mundo onde impera, mesmo nas relações eclesiásticas, a lógica capitalista de mercado? Quais as consequências desses processos quando pensamos o conjunto desses fatores como uma unidade? Só poderia desembocar em arrogância e prepotência por parte de alguns; na lei do mercado, cada um vende o seu peixe, a intenção é aniquilar todas e qualquer possibilidade de futuros prejuízos gerado por concorrentes da fé. Por isso a argumentação tão lógica e tão sistemática, "fechadinha"; coerente? nem sempre; pelo menos não com a relidade.
Há algum tempo atrás, estava tentando estabelecer diálogo, via blog mesmo, com um colega que aderiu à fé reformada como preceitos de fé. Me lembro que num determinado momento do discurso, após um debate um tanto quanto tenso (não era essa a intenção), eu sugeri que terminássemos nosso diálogo por termos chegado onde chegamos, ele me isse que era melhor mesmo; por que? Porque somos feitos de material diferente disse ele. Interessante percebermos esses pormenores, isso é influência teológica !!! Imaginário religioso: sou um eleito, salvo !! Eu sou fundamentalista !! (santo?); e você é um "libertino-liberal". Quantos rótulos !! A intenção é diminuir "o oponente", "vender o meu peixe" - só dialogar com pessoas que são feitas do mesmo material que eu - meus clientes - pessoas que compram meu meterial. Infelizmente o maior produto dessa relação religiosa é a salvação, que aos poucos, sutilmente presente em cada discurso, vai sendo comercializada.
Na minha opinião salvação é algo que nem deveria ser discutido. Pelo menos não sistematicamente. Não quero deixar de falar de céu e de inferno, a Igreja precisa dessas grandezas, e nós "sobrevivemos" a partir delas. A proposta é deixar o quesito "salvação" com Deus.
Porém, pensar num Deus que "abraça com braços curtos" é pensar feito fariseu e escriba, e não discípulo do mestre Jesus. O meu Deus tem os braços estendidos, imensos, e os ouvidos atentos. Ele despreza o pecado, mas usa de justiça para com o pecador - dá oportunidades e viabiliza a recuperação. Não tenho uma proposta de "caminhos largos", de conivência com "o erro", do tipo "todos os caminhos levam à Deus", isso não mesmo!! Mas ... jamais pregarei, o Deus seletista-"ismo", dos calvinistas e/ou de qualquer outra denominação que pinte no quadro da história da vida, para mercadolatria ou ideologia, a imagem "demiurga" de um deus tão insensível para com a realidade dos que sofrem dia após dia o espinho na carne.
Assim como o Apóstolo Paulo, sugiro a metanóia à Cristo, dia após dia, no caminho, não só dos gentios, mas também dos já decididos pelo Deus da vida. Precisamos não nos conformar com a religião patogênica, seja ela qual for, e de quem for, antes, nos transformarmos, e interferirmos no século, mediante a renovação da nossa mente.
Abraço a todos(as) que tiveram a paciência de ler esse conjunto de textos.

E aos constantes visitantes do blog (Libertos para Pensar), Deus nos abençoe a todos(as).

Trecho da Pregação de John Piper sobre a Teologia da Prosperidade

Por que a presunção absolutista de alguns dos adeptos da fé reformada? (PARTE II).

Certamente quero fugir de generalizações no texto que segue, e o título dá pistas sobre isso. Também não quero ferir ninguém em seus preceitos de vida, quaisquer que sejam eles: Cada um tem o seu.


Religiosidade Salugênica X Religiosidade patogênica

Mesmo que eu não queira ser cansativo, e muito menos taxativo (...)

Tenho tido algumas experiências interesantes com alguns colegas que seguem os preceitos da fé reformada. Embora eu não acredito que existam ainda hoje, calvinistas, e/ou literalmente reformados; metodistas; batistas; presbiterianos, etc., tal como aconteceu efetivamente na origem desses movimentos. Diga-se de passagen: O "fiel" também é uma utopia (mas deixemos isso para um outro diálogo). Esses movimentos terminaram, pelo menos tal como começaram - "o original" - logo deixaram de existir, e o que se preserva, que muitas vezes se chama de "continuidade" do movimento, já transformado em insituição, é uma imensa distorção do original.
Eu não comungo com tais idéias, mas vale citar à título de conhecimento, por exemplo: Nietzsche e Bultmann dizem que o que nós seguimos hoje é a religião de Paulo e não o Evangelho apregoado por Jesus de Nazaré. É uma opinião (!!).

Voltando. As distorções são compreensíveis, especialmente num mundo com tantas variações e a guinada do racionalismo no século XVIII - são compreensíveis uma vez que, na medida em que se questiona determinada "idéia-teoria", calvinista por exemplo, novas argumentações são exigidas, inclusive bíblicas, e o que acontece são os famosos "remendos de teorias" - buscando sempre uma argumentação lógica e coerente com o presente que se vive (contexto), ainda que ela não exista. A partir de então, uma cadeia de axiomas vai sendo construída, até que o discurso passa ser tão pretensamente lógico, embora desoriginal, que tem-se como regra de fé o pensamento, o etéreo (mundo das idéias); e não a vida (mundo real).
Visitamos e revisitamos a era patrística, e os reformadores, para afirmarmos nossos dogmas, para delimitar quem são os errados, onde se estabelece o caos; e assim firmamos nossa identidade religiosa. Mas nem nos damos conta, que se considerarmos nosso contexto hoje, e eticamente olharmos para a vida, muitas vezes acabamos nos valendo de argumentos anacrônicos, e na maioria das vezes de pouca valia, uma vez que não falam para nossa contempoaneidade. A "Palavra de Deus" se renova, a de calvino e Agostinho não. Podemos aprender com eles? Lógico que sim, mas não deveria ser nossa regra de fé; pior ainda se quisermos fazer das nossas verdades calvinistas, ou agostinianas, dentre outras, uma regra de fé - verdade - universal.
Na minha opinião tais correntes tiveram endereço na história, e tiveram contexto. Infelizmente é impossível preservarmos essa ou aquela doutrina em sua originalidade e mais, em sua integralidade. Isso quer dizer que ninguém pode dizer que é "isso" ou "aquilo", a menos que se reconheça totalmente influenciado pelo seu contexto cultural, ideológico próprio, e considere isso já como uma deturpação (resignificação hermenêutica??) do original. Sua bagagem teórica, suas lentes de leitura - tudo isso voga. Pureza e neutralidade não existe nas questão do denominacionalismo (partidarismo).

Voltando aos colegas reformados: Na caminhada vamos observando algumas coisas, e o interessante é que determinadas características específicas se repetem em cada um deles. Como um código genético - um padrão". Pode ser que determinados aspectos se manifestem de formas diferentes, porque são pessoas diferentes, mas a verdade é que a essência está lá - latente - modificando o sujeito, mexendo nas estruturas da psique desse, e porque não dizer que são modificações diretamente patogênicas quando consideramos o âmbito da religiosidade humana e o campo de inter-relação entre indivíduos. Isso é visível.

Mas .... por que falar em religiosidade patogênica?
*** (Segue na parte III) ***

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA (ESPIRITUAL)


“Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do SENHOR,
teu Deus.... O SENHOR te ferirá com loucura, com cegueira
e com perturbação do espírito. Apalparás ao meio-dia,
como o cego apalpa nas trevas, e não prosperarás
nos teus caminhos” (Dt 28.28-29).


José Saramago escreveu o livro e Fernando Meirelles filmou “Ensaio sobre a Cegueira”. É um filme denso, pesaroso, apocalíptico. Narra a história dos habitantes de uma cidade que desenvolvem uma forma de cegueira contagiosa; eles são, então, confinados numa espécie de campo de concentração para não passarem a doença para o restante da população. Logo, porém, todos perdem a visão, menos a personagem principal.

Instintos primitivos começam então a se manifestar nessa situação extrema: violência, mesquinhez, luxúria, dominação e estupro. Porém, nesse cenário de “juízo final” aflora também o lado humano, solidário e piedoso de alguns.

São as situações limites da vida que mostrarão quem de fato nós somos e quem são aqueles nos rodeiam. Não, não é na missa, no culto, nas festas ou durante os cânticos da igreja que nos é dado a conhecer o irmão e companheiro, mas quando os fundamentos do mundo são implacavelmente sacudidos: máscaras caem, largueza de gestos desaparece, palavras carinhosas tornam-se duras e o sorriso dá lugar a rostos crispados.

É normal desejarmos conviver em meio a uma comunidade onde todos sejam amáveis, solícitos, e prontos a compreender nossas necessidades, mas desconfio seriamente que às vezes Deus nos envia de encontro aos intolerantes, agressivos e estreitos de espírito só para ver como reagimos. Não que o Eterno não saiba o que vai dentro de nós, mas nós não sabemos.

É para o desamparo e solidão que às vezes Deus envia seus filhos queridos, que precisam conhecer o que vai dentro de si. Ezequias era um grande rei, mas não correspondeu aos benefícios que lhe foram feitos e o seu coração se exaltou. Tinha ele riquezas e glória em abundância: “prata, ouro, e toda sorte de objetos desejáveis” (2Cr 32.27). Mas então, quando tudo parecia bem, “Deus o desamparou, para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração” (2Cr 32.31).

No filme, não é o passado das pessoas que conta – o que fizeram, ou a história de cada um – mas o que elas fazem de suas vidas a partir do “Juízo” que se abate sobre elas. De igual modo, o nascimento de Cristo inaugurou o início dos últimos dias, e desde então Sua mensagem continua questionando: - “E agora, o que você vai fazer de sua vida”?

Observe como a maioria das pessoas à sua volta reagem diante do drama da vida humana da qual todos nós somos personagens: continuam presas às futilidades, brigando por bobagens? Ou expressando tolerância, gratidão e bondade?

Diante de acontecimentos últimos, tais como a morte, a tragédia ou guerra, alguns encontram dentro de si uma simplicidade, um amor, e uma grandeza, que agradecemos a Deus por conhecer pessoas assim. Outros, por sua vez, exacerbam e potencializam o mal que habita dentro de si, e é por isso que nas guerras, homens até então pacatos se transformam em impiedosos carniceiros que perderam toda humanidade.

A cegueira está presente por toda a bíblia como uma metáfora da condição humana. Paulo afirma que o deus deste século “cegou” o entendimento dos incrédulos (2Co 4.4). Não por acaso Jesus chama os dirigentes religiosos de sua época de “guias cegos”. É verdade que há uma severa advertência para o líder cego: “ai daquele que fizer tropeçar a um destes meus pequeninos” (Mt 18.6), mas não é menos verdade que nem todos pequeninos são tão inocentes assim. Na vida espiritual não dá para jogar a responsabilidade para outrem: Deus nos concede os instrumentos necessários para discernir e conferir coisas espirituais com espirituais, pondo à prova mensagens, doutrinas e ensinamentos com a Palavra, conferindo supostas revelações e profecias com o discernimento que o Espírito nos confere no íntimo. E toda ovelha está aparelhada para distinguir o lobo do pastor.

São inúmeros os textos que mostram Jesus curando alguns portadores de cegueira. O que há de especial nestes? São cegos que reconheceram sua condição de miséria. Eles não pretendem saber alguma coisa, eles não pretendem guiar a ninguém, sofrem com a escuridão, e desejam abandonar essa situação. Comumente dizemos que o pior cego é aquele que não quer ver. Entretanto há um tipo ainda pior e perigoso: é o cego que pensa ver.

Cegueira é a condição natural da humanidade. Aquilo que meus olhos vêem carrega as deformações das sombras e da penumbra. Somente “na Tua luz veremos a luz” (Sl 36.9).

Faço a Deus minha oração nestas horas crepusculares: “Abre os meus olhos para ver, e mesmo diante do inevitável, da injustiça e das trevas que querem me seduzir, que eu seja bom, solidário, afável e profundamente humano. E quando acordar desta vida, eu me satisfarei com a tua semelhança”.



Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Creio na vida como uma escola

Por Dr.Luiz Carlos Ramos


Cremos na vida como uma escola

que nos ensina a conhecer as razões e a respeitar os mistérios;

Cremos na vida como uma escola

que nos ensina a cooperar para construir e a confrontar para resistir;

Cremos na vida como uma escola

que nos ensina a pensar com o coração e a amar com inteligência;

Cremos na vida como uma escola

que nos ensina a humanidade divina e a divina humanidade:

Cremos na vida como uma escola

que nos ensina que a felicidade é um verbo que se conjuga no plurale que a miséria é o antônimo de Deus;

Cremos na vida como uma escola

que nos ensina a ser, a conhecer, a fazer, a conviver e a saber transmitir a própria vida, na força da esperança, com a ternura da paze no compromisso da justiça para todos.

Amém.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Bênção do novo Dia


Luiz Carlos Ramos
Senhor,
A diversidade da tua criação,
a criatividade da vida em nós
e a pluralidade das estradas
nos surpreendem.
Teus misteriosos
propósitos nos reuniram,
nos aproximaram
e nos fizeram conviver.
Agora, esses mesmos propósitos nos enviam,
nos dispersam e conduzem,
por diferentes caminhos,
a diferentes destinos.
Ontem, éramos crianças que brincavam nos campos do Senhor,
personagens dos sonhos de Deus.
Hoje, somos gente peregrina,
cuja estrada se conjuga no plural.
Mas amanhã será um outro dia.
— Como será o dia de amanhã?
Senhor, tu o sabes!
Suspiramos, em nossas preces,
na esperança de que seja
um novo dia de plena alegria.
Abençoa-nos, Senhor, para que,
de forças recobradas,
vejamos o raiar do dia
no qual os ódios serão aplacados
e os temores abrandados.
Que o teu amor nos envolva
e a tua vida em nós seja plena.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém.
Acesso dia 8 de fevereiro de 2009.

Por que a presunção absolutista de alguns dos adeptos da fé reformada? (PARTE I).

Certamente quero fugir de generalizações no texto que segue, o título dá pistas sobre isso. Também não quero ferir ninguém em seus preceitos de vida, quaisquer que sejam eles.

Resposta a um colega, do blog “Teologia e Vida”
Perdoe-me o jeito um tanto descontraído e descuidado de abordar o tema

Esclarecimentos e questionamentos pessoais:

Eu disse mesmo que Deus é amor e justiça, mas não disse que não concordo com o fato de Ele ser soberano, especialmente no sentido de dar um “desfecho justo(!?) para os ímpios”: Isso eu não disse. Eu disse que eu não concordo com a “divina” pré-eleição dos salvos e automaticamente a delimitação de quem é "o ímpio". E que isso, desde já, fique bem claro.

Sobre sua frase: “Deus não pode inocentar o culpado”. Em primeiro lugar, me ocorreu uma questão: Como “um deus” que predeterminou os salvos pode se irritar com os que são ímpios? Sobre os não salvos, “deus” deveria esperar a perversão. Além de “escolher” (sei que você vai discordar que “deus” tenha escolhido os ímpios, mas, se “ele” determina os eleitos, os ímpios são o que sobrou da massa) os vasos para a desonra, “deus” ainda os pune quando se ira contra a perversão deles? Aí para justificar a ira desse “deus-iracundo” você vai me dizer que é porque “ele” é santo e abomina o pecado né!? E que isso é a Bíblia que diz!! Eu sei ... eu sei ... Outra coisa, mais uma questão, que a justiça divina inclua punição, pode até ser, mas seria uma punição eterna? E de “tira-colo” com bastante tortura? Num lugar bastante quente: “EITA deus!!!”. Tem que ser mal (ops!), “justo”, para criar “uma salinha assim”. Me fez lembrar do período da ditadura no Brasil. Certo momento você disse que, pecadores merecem mesmo o inferno: que evangelho é esse heim!? Certamente não é o de Jesus Cristo. Pois saiba você, que vou lutar até morrer por cada um/a deles/as, por piores que sejam, e ainda que me digam que não querem o meu Deus, como já o fizeram, e ainda que escolham viver as primícias literalmente do inferno, estarei lá, ao lado deles, gastando os meus dias, “buscando a minha cruz”, pregando o evangelho – as Boas Novas de salvação.

Interessante que, nas suas observações, Deus é injusto se Ele inocentar um culpado, mas é justo quando predetermina os que serão salvos, e automaticamente os que não serão (culpados). Não seria injustiça Deus não dar a chance de um “eleito” optar por não adorá-lo? Esse “deus” é quase um “general da ditadura militar”. Deus, na sua opinião, não pode inocentar um culpado, mas o inocentado por Ele, nem tem a chance de ser ímpio. Bela justiça essa, de via única.

Você disse que Deus dá coisas boas a quem às merece, e coisas ruins a quem às merece. Essa lógica da recompensa, mercantilista, que aparece em seu discurso, e no imaginário religioso atual, tem que ser jogada por terra. Ele legitima a venda da bênção, a compra da salvação, etc ... Isso é imaginário da Idade Média.

Você disse que se Deus não fizer assim ou assado, Ele não seria Deus. Já leu o livro de Jó todo? Como o livro critica esse tipo de determinismo com relação à pessoa de Deus?

Você disse que a eleição de alguns, diga-se de passagem, ainda que em estado de perversão, impressiona. A sua é uma delas né!? Sua salvação! Não te impressiona os tantos outros que não foram eleitos (os dês-eleitos) e que estão literalmente indo para o inferno? Uma bela lógica, se eu estou bem, o resto é que se dane no inferno !!! e mais, quer dizer que você só adora porque foi eleito à salvação? Isso fortalece a lógica de mercado, da recompensa como eu disse anteriormente. Tem muita gente covarde correndo pra Igreja com medo de inferno, ou tentando impressionar para ganhar uma “bençãozinha”. Já sei o que você vai dizer, mas elas estão mentindo, não se converteram nada, quem somos nós para julgar? Eu acho, que na verdade, elas estão sendo influenciadas por doutrinas que fortalecem a lógica de mercado quando em relacionamento com o sagrado.

Você usou um termo que mexeu mesmo comigo: “Doutrinas vindas do próprio Deus”. Há para com isso !!! Vamos olhar agora, de verdade, sem mascaramentos, para a nossa realidade? Para a realidade dos nossos jovens hoje, nossa gente dentro e fora da Igreja, nossos anciãos, nossa terra, nosso Brasil. Para a religião de hoje, e para alguns religiosos de hoje, falta uma certa dose de realismo. Não estou dizendo que é o seu caso, mas tem muita gente pensando demais em religião e sendo religioso, mas não é cristão. E mais, são pessoas que pensam, escrevem um texto bastante persuasivo e “gostoso de ler”, mas têm “a cabeça cristã” de quem pensa a partir do escritório adornado, e com ar condicionado, que mal tem nisso!? Nenhum, desde que não o prenda e impeça de olhar para a “vida real”, cotidiano, de pisar na lama, lá onde mora as gentes simples, essas que buscam verdadeiramente as bênçãos das mãos do Pai, e que para isso contam com a presença da Igreja.

O que eu tinha para dizer é isso. Espero que possamos continuar o nosso diálogo de forma madura e saudável, embora eu não sei se existiria o propósito em ficarmos trocando e exibindo nossas diferenças via blog. Mas, desde que isso seja saudável, caro colega, estou hoje e sempre, à disposição.

Estou confeccionando uma segunda parte para esse texto, mais para ampliar e aprofundar a reflexão sobre alguns desses pontos levantados, que por hora, tive que ser sucinto, e certamente como conseqüência do sumário, mal compreendido. Inclusive, ainda preciso fazer com que o meu título tenha sentido como o todo do texto.


Abraço.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

As Cinzas Dele Clamam Contra João Calvino


Dan Corner
Todas as referências estão listadas no final deste artigo.

Você está por ler uma importante parte da História da Igreja do período da Reforma que foi escondida em nossos dias e que muito poucas pessoas estão ciente dos fatos. Prepare-se para um choque.
Em 27 de outubro de 1553, João Calvino, o fundador do Calvinismo, teve a Miguel Servet (ou Michael Servetus em latin), o médico espanhol, queimado em uma estaca nas redondezas de Genebra por suas heresias doutrinárias! (1). Portanto, o criador da doutrina popular “uma vez salvo, salvo para sempre” (conhecida também em alguns círculos como “perseverança dos santos” ou “segurança eterna”) violou o clamor da Reforma – “Sola Scriptura” – ao matar um herético sem justificativa bíblica. Este evento foi algo que Calvino já havia planejado muito tempo antes de Servet ser capturado, pois Calvino escreveu a seu amigo Farel, em 13 de fevereiro de 1546 (sete anos antes de Servet ser preso) e foi arquivado como dizendo:

“Se ele [Servet] vier [à Genebra], eu nunca o deixarei escapar vivo se a minha autoridade tiver peso.” (2)
Evidentemente, naqueles dias a autoridade de Calvino em Genebra, Suíça tinha “peso” absoluto. Por isso é que alguns se referiam a Genebra como a “Roma do Protestantismo” (3) e a Calvino como o “'Papa' Protestante de Genebra.” (4)

Durante o julgamento de Servet, Calvino escreveu:
“Eu espero que o veredicto seja pena de morte.” (5)
Tudo isso revela um lado de João Calvino que não é bem conhecido nem muito atraente, no mínimo!

Ficou óbvio que ele tinha ódio mortal armazenado em seu coração e estava disposto a violar a Bíblia para causar uma nova morte e da forma mais cruel. Apesar de Calvino ter consentido com o pedido de Miguel Servet de ser decapitado, ele acabou aceitando o modo de execução empregado.

Porém, por que Calvino tinha o desejo de matar Servet?
“Para resgatar Servet de suas heresias, Calvino respondeu com a última edição de suas ‘Institutas da Religião Cristã’, as quais Servet prontamente retornou com comentários insultantes. Apesar dos apelos de Servet, Calvino, que havia desenvolvido um intenso desagrado por Servet durante sua troca de correspondências, recusou-se a retornar qualquer dos materiais incriminatórios.” (6)

“Condenado por heresia pelas autoridades católicas, Servet escapou da pena de morte fugindo da prisão. No caminho para a Itália, Servet inexplicavelmente parou em Genebra, onde foi denunciado por Calvino e os Reformadores. Ele foi pego no dia depois de sua chegada, condenado como herético quando se recusou a se retratar e, queimado em 1553 com a aparente tácita aprovação de Calvino.” (7)

“No curso de sua fuga para Viena, Servet parou em Genebra e cometeu o erro de assistir um sermão de Calvino. Ele foi reconhecido e preso depois do culto.” (8)

“Calvino teve ele [Servet] preso como herético. Condenado e queimado até a morte.” (9)
Entre o período em que Servet foi preso em 14 de agosto até sua condenação, Servet passou os seus dias restantes:
“ … em um atroz calabouço sem luz ou aquecimento, pouca comida e sem facilidades sanitárias.” (10)
Seja observado que os Calvinistas de Genebra colocaram madeiras semiverdes em torno dos pés de Servet e uma coroa de enxofre em sua cabeça. Levou em torno de trinta minutos até que sua agonia terminasse em tal fogo, com o povo de Genebra em pé em volta para assistir ele sofrendo e morrendo lentamente! Logo antes disso acontecer, os arquivos mostram:

“Farel caminhou ao lado do homem condenado e manteve uma constante enxurrada de palavras, em completa insensibilidade ao que Servet pudesse estar sentindo. Tudo que ele tinha em mente era extorquir do prisioneiro um reconhecimento de seu erro teológico – um chocante exemplo de uma desalmada cura de almas. Depois de alguns minutos disso, Servet cessou de responder e orou silenciosamente para si mesmo. Quando eles chegaram ao local de execução, Farel anunciou a multidão que assistia: ‘Aqui você vê o poder que Satanás possui quando ele tem um homem em seu poder. Este homem é um distinto estudioso e ele no entanto acreditava que estava agindo corretamente. Mas agora Satanás o possui completamente, como ele poderia possuir você, cairia então você em suas armadilhas.’
Quando o executor começou o seu trabalho, Servet sussurrou com voz trêmula: ‘Oh Deus, Oh Deus!’ O opositor Farel vociferou para ele : ‘Você não tem nada mais a dizer?’ Neste momento Servet respondeu para ele: ‘O que mais eu posso fazer, mas falar com Deus!’ Logo após isso, ele foi suspenso até a fogueira e amarrado as estacas. Uma coroa com enxofre foi colocada em sua cabeça. Quando as fagulhas foram acesas, um lancinante grito de horror brotou dele.
‘Misericórdia, misericórdia!’ ele clamou. Por mais de meia hora a horrível agonia continuou, porque a fogueira havia sido feita com madeira semiverde, que queima lentamente. ‘Jesus, Filho do eterno Deus, tenha misericórdia de mim,’ o homem atormentado clamava do meio das chamas ...” (11)
Apesar de que essencialmente tenhamos o mesmo acontecimento na conversão do ladrão arrependido (Lc 23:42;43 cf. Lc 18:13) além da escritura que diz, “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Atos 2:21, Rom 10:13), Farel ainda considerava Servet um homem não salvo no fim da vida dele:

“Farel observou que Servet poderia ter sido salvo trocando a posição do adjetivo e confessando Cristo como o Eterno Filho em vez de Filho do Eterno Deus.” (12)
“Calvino havia então matado seu inimigo e não há nada que sugira que ele jamais tenha se arrependido deste crime. No ano seguinte ele publicou a defesa na qual mais insultos foram acrescentados a seu antigo adversário num linguajar dos mais vingativos e severos.” (13)
Assim como os católicos em 1415 queimaram João Hus (14) na estaca por razões doutrinárias, João Calvino, semelhantemente, teve Miguel Servet queimado na estaca. Mas será que doutrina era a única questão? Poderia haver outra razão, uma política?
“Como um ‘herege obstinado’ ele teve suas propriedades confiscadas sem dificuldades. Ele foi maltratado na prisão. É compreensível, portanto, que Servet tenha sido rude e insultante em sua confrontação com Calvino. Infelizmente para ele naquele momento Calvino estava lutando para manter o seu poder decadente em Genebra. Os oponentes de Calvino usaram Servet como um pretexto para atacar o governo teocrático reformista de Genebra. Tornou-se uma questão de prestígio – sempre um ponto delicado de qualquer regime ditatorial – para Calvino afirmar seu poder neste sentido. Ele se viu forçado a estimular a condenação de Servet de todas as formas possíveis ao seu alcance.” (15)
“Bastante irônico é que a execução de Servet não tenha realmente ajudado a fortalecer a Reforma de Genebra. Pelo contrário, como Fritz Barth apontou, isso ‘comprometeu gravemente o Calvinismo e colocou nas mãos dos católicos, a quem Calvino queria demonstrar sua ortodoxia cristão, a melhor arma para a perseguição dos Huguenotes, que não passavam de heréticos a seus olhos.’ O procedimento contra Servet serviu como modelo de um julgamento protestante herético ... não se diferenciou em nenhum sentido dos métodos da Inquisição medieval ... A Reforma vitoriosa, também, não foi capaz de resistir a tentação do poder.” (16)
Será que é possível um homem assim como João Calvino ter sido um “grande teólogo” e ao mesmo tempo ter agido desta forma repreensível e depois de tudo não demonstrar nenhum remorso? Caro leitor, você tem um coração que poderia, assim como o de João Calvino, queimar outra pessoa em uma estaca?
Vamos ilustrar isso de outra forma. Suponha que um homem da sua congregação com reputação de ser um líder espiritual capturasse o cachorro do seu vizinho, amarrasse ele a uma estaca, então usasse uma pequena quantidade de gravetos verdes para lentamente queimar o cachorro até a morte. O que você pensaria de tal pessoa, especialmente se depois de tudo isso ele não demonstrasse nenhum remorso? Você utilizaria ele para interpretar a Bíblia para você? Para tornar isso ainda pior para João Calvino, uma pessoa, diferentemente de um cachorro, foi criada a imagem e semelhança de Deus! Goste ou não, nós apenas podemos concluir dessa evidência que o coração de João Calvino estava em trevas e não iluminado, como resultado de seu ódio mortal por Servet. Na melhor das hipóteses, Calvino estava espiritualmente cego por seu ódio e portanto, espiritualmente impedido de distinguir com clareza a palavra da verdade. (17) Na pior das hipóteses, que aparentemente era o caso, o próprio João Calvino era não salvo, de acordo com as escrituras:
“Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte.” (Apo 21:8)
E nisto sabemos que o conhecemos; se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade (Jo 2:3;4)
Todo o que odeia a seu irmão é homicida; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele. (I Jo 3:15)
O grego adiciona uma importante palavra a I Jo 3:15 que é às vezes omitida nas traduções em inglês. Esta palavra é “continuando” ou “permanecendo” (conforme nesta versão em português) que afirma que assassinos não tem vida eterna permanecendo neles.
Caro leitor, uma vez que assassinos são não salvos e João Calvino era um assassino, então Calvino era não salvo! Ainda mais, já que os não salvos estão obscurecidos em seu entendimento espiritual (Ef 4:18) e Calvino era não salvo, baseando-se nas escrituras, então Calvino era obscurecido em seu entendimento espiritual.
Jesus disse que nós “conhecemos” as pessoas por seus frutos (Mt 12:33) – quer seja João Calvino ou outra pessoa qualquer! Igualmente o apóstolo João escreveu:
“Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão.” (I Jo 3:10)
Por acaso você acha que Calvino praticou “justiça” com relação a Servet? Caso negativo, então isso não o qualifica como um “filho do diabo”, de acordo com este versículo e outros já citados? Apesar de que alguns irão bradar e bufar quanto esta conclusão, será que poderíamos biblicamente chegar a qualquer outra?
Nenhuma outra evidência é necessária para objetivamente determinarmos a condição espiritual de Calvino. Entretanto, dois outros homens podem ser brevemente mencionados:
“Há outros dois famosos episódios relativos a Jaques Gruet e Jerome Bolsec. Gruet, a quem Calvino considerava um libertino, escreveu cartas críticas do Consistório e ainda mais sério, petições aos reis católicos da França para intervirem nas questões políticas e religiosas de Genebra. Com a colaboração de Calvino ele foi decapitado por traição. Bolsec publicamente desafiou os ensinamentos de Calvino sobre predestinação, uma doutrina que Bolsec, juntamente com muitos outros, achavam ser moralmente repugnante. Banido da cidade em 1551, ele se vingou em 1577 publicando uma biografia de Calvino que o acusava de avareza, conduta imprópria na administração das finanças e aberração sexual.” (18)
Como Lidar com um Herético?
Como se deve lidar com um herético ou falso mestre, digo, se alguém desejar seguir às diretrizes bíblicas? Paulo escreveu a Tito e tocou exatamente nessa questão, que primeiramente começou com o assunto da qualificação para o diaconato na igreja:
“retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes. Porque há muitos insubordinados, faladores vãos, e enganadores, especialmente os da circuncisão, aos quais é preciso tapar a boca; porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância.” (Titus 1:9-11)
Claramente, portanto, um falso mestre deve ser “calado”, mas não matando-o, como o fundador do Calvinismo fez, mas por refutá-lo com as Escrituras. Este é o verdadeiro método cristão.
Se o exemplo de Calvino é o padrão, então, a próxima vez que um Testemunha de Jeová ou missionário Mórmon bater a sua porta, nós devemos então fisicamente dominá-lo, amarrá-lo a uma estaca e fazer tochas humanas com eles. Você consegue imaginar um cristão professo fazendo isso? Muito menos um reputado teólogo. Caso fosse feito, você se sentiria forçado a crer que tal pessoa era realmente salva e a aderir a suas peculiares características doutrinárias?

Da mesma forma, falsos mestres devem ser abertamente citados, como Paulo abertamente citou Himeneu e Fileto, que perverteram a fé de alguns dos cristãos que Paulo conhecia:
“e as suas palavras alastrarão como gangrena; entre os quais estão Himeneu e Fileto, que se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição é já passada, e assim pervertem a fé a alguns.” (II Tim 2:17;18)
Isto também é um importante preventivo contra o veneno espiritual de um falso mestre.
Por que Calvino violou drasticamente essas diretrizes bíblicas? Uma vez que as diretrizes de Paulo, inspiradas pelo Espírito Santo, (e o exemplo dele) quanto a como lidar com um herético foram diametralmente opostas por Calvino, seria seguro assumir que Calvino era governado por um espírito diferente do que Paulo? Ainda mais, por que será que estes fatos sobre a vida de João Calvino são raramente mencionados em nossos dias? A resposta para esta pergunta é obvia. Eles são tanto embaraçosos quanto são uma refutação aos calvinistas que orgulhosamente referem-se a si mesmos pelo nome dele! Uma vez que eles são a maioria evangélica (nos Estados Unidos) e é o poder e influencia deles que tem o maior peso quanto ao que é disseminado através dos Estados Unidos e mesmo do mundo, esta informação acerca de seu fundador é raramente, se é que jamais, ouvida. Muitas pessoas estão somente agora aprendendo sobre os chocantes fatos acerca do fundador do Calvinismo enquanto lêem estes pela primeira vez!
“Nenhum evento tem maior influencia no julgamento histórico de Calvino que o papel exercido na captura e execução do medico espanhol e teólogo amador Miguel Servet em 1553. Este evento ofuscou todas as outras coisas que Calvino realizou e continua embaraçando os seus modernos admiradores.” (19)
Três importantes perguntas permanecem: (1) É possível biblicamente justificar a João Calvino por matar a Miguel Servet? (2) Por acaso ódio mortal, segundo a Bíblia, deixa alguém espiritualmente incapaz de interpretar com clareza as escrituras? (3) Por acaso um assassino é salvo, de acordo com Apo 21:8?
Todas essas respostas têm implicação na credibilidade da popular doutrina de Calvino “perseverança dos santos”, entre outras. Infelizmente, a versão de Calvino sobre Cristianismo é a prevalecente nos Estados Unidos; mas por acaso esta visão é bíblica? Responder afirmativamente é dizer que a dupla predestinação de Calvino é verdadeira, ou seja, alguns são predestinados para o Céu e outros são predestinados para o Inferno, sem livre arbítrio da parte deles! Isso violaria muitas passagens bíblicas, especialmente II Ped 3:9:
“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se.”
Ainda mais, os ensinamentos de Calvino declaram que a obra de Jesus na cruz NÃO foi infinita, porque de acordo este ensinamento, Ele não derramou o Seu sangue por todas as pessoas, mas somente pelos eleitos – aqueles predestinados à salvação. Isto é claramente refutado por I Jo 2:2:
“E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.”

Da mesma forma, a sua doutrina “perseverança dos santos” afirma que o poder de Deus manterá uma pessoa verdadeiramente salva em segurança, apesar de graves pecados cometidos depois da regeneração e/ou heresias doutrinárias que possam ser abraçadas, portanto violando muitos exemplos bíblicos e advertências que provam o oposto!

Deve ter ficado evidente a partir disso que, desde o fundador até hoje, a doutrina da “perseverança dos santos” (mais comumente conhecida como “uma vez salvo, salvo para sempre”) tem sido freqüentemente usada como uma “licença para a imoralidade” ensinada debaixo da bandeira da graça. Veja também Judas 3;4. Assim como a própria teologia de Calvino permitiu as suas ações contra Servet, muitos em nossos dias são sexualmente imorais, mentirosos, bêbados, avarentos, etc., enquanto professam que são salvos. Isso é uma ramificação da mensagem da graça pervertida de Calvino – um ensinamento que se espalhou como gangrena de um homem que poderia abertamente queimar outro até a morte e viver mais 10 anos e sete meses, sem jamais publicamente se arrepender de seu crime.

“As cinzas de Servet clamarão contra ele a medida que os nomes desses dois homens ficarem conhecidos pelo mundo.” (21)

Notas Finais
1. "Apenas por duas coisas, significativamente, Servet foi condenado – nomeando-se, Anti-trinitarianismo e Anti-pedobatismo (contra o batismo infantil)" Roland H. Bainton, Hunted Heretic (The Beacon Press, 1953), p. 207. [Comentário: Enquanto que Servet estava errado quanto a Trindade, com relação ao batismo infantil, Servet disse, "Trata-se de uma invenção do diabo, um engano do inferno para a destruição de todo o Cristianismo" (Ibid., p. 186.) Muitos cristãos de nossos dias poderiam apenas dar um “Amém” de coração a esta declaração feita sobre o batismo infantil. Entretanto, é por isso, em parte, que Servet foi condenado a morte pelos Calvinistas!] (retornar)
2. Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge (Baker Book House, 1950), p. 371. (retornar)
3. The Wycliffe Biographical Dictionary Of The Church (Moody Press, 1982), p. 73. (retornar)
4. Stephen Hole Fritchman, Men Of Liberty (Reissued, Kennikat Press, Inc., 1968), p. 8. (retornar)
5. Walter Nigg, The Heretics (Alfred A. Knopf, Inc., 1962), p. 328. (retornar)
6. Steven Ozment, The Age Of Reformation 1250-1550 (New Haven and London Yale University Press, 1980), p. 370. (retornar)
7. Who's Who In Church History (Fleming H. Revell Company, 1969), p. 252. (retornar)
8. The Heretics, p. 326. (retornar)
9. The Wycliffe Biographical Dictionary Of The Church, p. 366. (retornar)
10. John F. Fulton, Michael Servetus Humanist and Martyr (Herbert Reichner, 1953), p. 35. (retornar)
11. The Heretics, p. 327. (retornar)
12. Hunted Heretic, p. 214. [Comentário: Em nenhum lugar na Bíblia nós vemos este tipo de ênfase para a salvação de alguém. O ladrão que estava morrendo crucificado, o carcereiro de Filipo e Cornélio foram todos salvos através de uma mais básica fé confiante-submissa em Jesus.] (retornar)
13. Michael Servetus Humanist and Martyr, p. 36. (retornar)
14. João Hus atacou várias heresias católicas assim como a transubstanciação, a subserviência ao Papa, a crença nos santos, a eficácia da absolvição através dos padres, a obediência incondicional aos governantes terrenos e a simonia. Hus também fez das Sagradas Escrituras a única regra em matéria de religião e fé. Veja The Wycliffe Biographical Dictionary Of The Church, p. 201. (retornar)
15. The Heretics, p. 326. (retornar)
16. Ibid., pp. 328, 329. (retornar)
17. Por exemplo, em claro contraste com o significado que Jesus deu a parábola do joio e do trigo (Mat 13:24-43) onde o Senhor disse, “o campo é o mundo” (v. 38), João Calvino ensinou, “o campo é a igreja”. Veja o comentário de Calvino versículo a versículo do evangelho de Mateus. (retornar)
18. The Age of Reformation 1250-1550, pp. 368,369. O livro de Bolsec no qual ele acusa Calvino é citado como Histoire de la vie, moeurs, actes, doctrine, constance et mort de Jean Calvin ... pub. a Lyon en 1577, ed. M. Louis-Francois Chastel (Lyon, 1875). (retornar)
19. Ibid., p. 369. (retornar)
20. Agustinho de Hippo (“Santo Agustinho”), o teólogo católico, foi um proponente anterior da predestinação do qual João Calvino tirou idéias. (retornar)
21. The Heretics, p. 328. (retornar)

"A Verdadeira Salvação"


O verdadeiro plano da salvação é arrependimento diante de Deus e fé em Cristo Jesus (Atos 20:21). Nós provamos nosso arrependimento através de nossas obras (Atos 26:20). O Senhor Jesus nos ensinou que o caminho que conduz a vida é “difícil” e somente uns “poucos” o acharão (Mt 7:13;14). Muitos se salvam, mas depois vem a decair da fé. (Lucas 8:13, Jo 6:66; I Tim 1:19, etc.). Em outras palavras, depois da salvação inicial nós temos que permanecer fiéis até o “fim” para entrarmos no Reino de Deus e escaparmos do lago de fogo (Mt. 10:22, Heb 3:14, Apo 2:10;11). Vida eterna é concedida ao arrependido no momento em que este crê em Jesus para a salvação (Jo 3:16, 6:47, I Jo 5:12;13), mas há outro aspecto importante da vida eterna que muitos ignoram por completo em nossos dias devido ao falso ensino de que a pessoa “uma vez salva, salva para sempre”. De acordo com o verdadeiro ensino da graça, vida eterna é também uma ESPERANÇA (Titus 3:7), ainda a ser COLHIDA (Gal 6:8;9) no PORVIR (Mc 10:30) apenas por aqueles que PERSISTIREM EM FAZER O BEM (Rom 2:7) e NÃO DESANIMAREM NEM DESISTIREM. (Gal 6:9).

Se uma pessoa salva semear para agradar a sua natureza pecadora, ela morrerá espiritualmente (Rom 8:13; Gal 6:8;9). O filho pródigo é um claro exemplo disso (Lucas 15:24;32). O resultado final do pecado é morte espiritual, portanto NÃO SE ILUDA (Tiago 1:14-15). Para mais informações com relação ao tema segurança do crente, leia o livro de 801 páginas, The Believer's Conditional Security (em inglês), que é a mais exaustiva e completa refutação do ensino “uma vez salvo, salvo para sempre” jamais escrita. Ninguém conseguirá refutá-lo!

Fonte: Acesso dia: 05 de feverero de 2009. <http://www.evangelicaloutreach.org/calvino.htm>.

"5 pontos" centrais do pensamento de Armínio


Art. 1. Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os costumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo.

Art. 2. Que, em concordância com isso, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens, de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz, reconciliação e remissão dos pecados; contudo, de tal modo que ninguém é participante desta remissão senão os crentes.

Art. 3. Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado, para si mesmo e por si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom.


Art. 4. Que esta graça de Deus é o começo, a continuação e o fim de todo o bem; de modo que nem mesmo o homem regenerado pode pensar, querer ou praticar qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação para o mal sem a graça precedente (ou preveniente) que desperta, assiste e coopera. De modo que todas as obras boas e todos os movimentos para o bem, que podem ser concebidos em pensamento, devem ser atribuídos à graça de Deus em Cristo. Mas, quanto ao modo de operação, a graça não é irresistível, porque está escrito de muitos que eles resistiram ao Espírito Santo.

Art. 5. Que aqueles que são enxertados em Cristo por uma verdadeira fé, e que assim foram feitos participantes de seu vivificante Espírito, são abundantemente dotados de poder para lutar contra Satã, o pecado, o mundo e sua própria carne, e de ganhar a vitória; sempre – bem entendido – com o auxílio da graça do Espírito Santo, com a assistência de Jesus Cristo em todas as suas tentações, através de seu Espírito; o qual estende para eles suas mãos e (tão somente sob a condição de que eles estejam preparados para a luta, que peçam seu auxílio e não deixar de ajudar-se a si mesmos) os impele e sustenta, de modo que, por nenhum engano ou violência de Satã, sejam transviados ou tirados das mãos de Cristo. Mas quanto à questão se eles não são capazes de, por preguiça e negligência, esquecer o início de sua vida em Cristo e de novamente abraçar o presente mundo, de modo a se afastarem da santa doutrina que uma vez lhes foi entregue, de perder a sua boa consciência e de negligenciar a graça – isto deve ser assunto de uma pesquisa mais acurada nas Santas Escrituras antes que possamos ensiná-lo com inteira segurança.


Serviço de utilidade pública:




1) Existe um cartório on-line, 24 horas, por onde conseguimos fazer todas solicitações de serviços, documentos, necessários. Para maiores informações, sobre procedimentos, visite o site e confira: http://www.cartorio24horas.com.br/index.php


2) Quando utilizamos o número "102", para auxílio à lista telefônica, pagamos uma tarifa de R$ 1.20 pelo serviço prestado pela Telefônica. Mas existe uma forma gratuita de solicitar esse mesmo serviço, é só discar o seguinte número: "08002800102".







HOJE NÃO, AMANHÃ


“Falou Moisés a Faraó: digna-te dizer-me quando
É que hei de rogar por ti, pelos teus oficiais e pelo teu povo,
Para que as rãs sejam retiradas de ti e das tuas casas....
Ele respondeu: Amanhã.” (Ex 8.9-10)

Faraó e seu povo já haviam sofrido a primeira praga, quando a água foi transformada em sangue, contaminando a água com peixes mortos, mas seu coração continuava obstinado em não deixar o povo hebreu ir. Agora a situação era pior: uma grande quantidade de rãs fervilhou dos rios e saltaram deles, invadindo casas, entrando nos quartos, subindo nos leitos, nos fornos e panelas. Era uma invasão asquerosa aos olhos dos egípcios, que já não podiam comer sem que um batráquio lhe saltasse sobre os pratos, já não podiam ter uma noite tranqüila sem que um réptil de pele fria se escondesse debaixo das cobertas.

O Faraó, acossado, finalmente cedeu e manda chamar Moisés: “Rogue ao seu Deus que afaste as rãs de mim e do meu povo”. – E quando eu devo fazer isto, perguntou Moisés? Ele respondeu: “Amanhã!”

Por que razão alguém que está sofrendo um mal, está incomodado, enojado, e poderia livrar-se imediatamente daquilo, jogaria a solução para o dia seguinte?

Espantado com a resposta dele? Não deveria. De certa forma somos assim e vemos isso freqüentemente acontecer. Sentimos dificuldades em decidir sair das situações que nos fazem mal. Relutamos em quebrar os padrões mentais reprováveis. Nosso jogo preferido é o da procrastinação, ou seja, postergar indefinidamente aquilo que precisa ser feito.

Ao repetir por anos a fio vivências indesejáveis o cérebro entra num condicionamento chamado “fixação”. E quando a mente está “fixada” ela rejeita qualquer mudança. Quando se está cronicamente preso ao que adoece, o efeito pode ser uma paralisia e a alma perde a motivação para desejar algo novo ou mudar as coisas (James Houston).

Hoje não, amanhã... ainda quero chafurdar-me um pouco mais. Hoje não, amanhã... mudar agora meus paradigmas me acarretará muito trabalho.

Foi para “a liberdade que Cristo nos libertou”, mas muitos ainda permanecem presos a dogmas, a religiões que adoentam a alma e às doenças fabricadas no inconsciente. Não creio que são todos que desejam, de fato, livrar-se de suas “doenças”. Manter indefinidamente uma situação desconfortável pode ser uma desculpa para não enfrentar aquilo que realmente é essencial para a vida.

Ao invés de buscar a cura, é comum trocar-se um vício da alma por outro. Médicos e psicólogos notaram que pacientes que fizeram a cirurgia bariátrica (redução de estômago), depois de algum tempo “trocaram” o vício de comer por outro: alcoolismo, drogas, sexo ou tabagismo. A causa? Operou-se o estômago, mas não a cabeça.

No mercado da fé ocorre o mesmo fenômeno: os ídolos mudos de gesso foram trocados por ídolos vivos que cantam muito bem. Os sacrifícios outrora oferecidos nas esquinas, agora se transformaram em sacrifícios financeiros. O odor penetrante do incenso usado nos ambientes espiritistas foi substituído pelo cheiro adocicado do óleo “ungido”. Em suma: mudou o local de culto, mas a cabeça continua a mesma.

Qual é a característica de uma mente liberta? Não seria justamente a capacidade de transitar livremente por tudo que é humano, e ter interesse tanto pelo sagrado como pelo secular, tanto pelo individual como coletivo, conversar com os idosos, estar bem em grupo, mas também amar a solidão? Desconfio seriamente de quem diz que se alegra com as imagens do céu, mas não sente atraído a brincar com uma criança na Terra. Salomão não compôs apenas uma vasta obra bíblica, mas era também um botânico que discorreu “sobre todas plantas” e um zoólogo que ”falou sobre dos animais, aves, répteis e peixes” (1Rs4.33). Tudo para a glória de Deus.

Ser livre é a capacidade que a Graça nos concede para decidir, para permitir-se, para escolher, para dizer “não”, para ser eu mesmo e não o que o vício me tornou Talvez a maior necessidade que temos de Cristo hoje é que Ele nos liberte, não de demônios, mas dos vícios da alma – que se tornaram demônios para nós.

Uma advertência: Deus não tira os meus vícios, mas pede que eu desista deles (Dallas Willard). Pois, se eu não quero abrir mão deles, Deus não vai tirá-lo para mim. Não adie para amanhã: o tempo de Deus se chama Hoje.

Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Você conhece a Verdade?


Qual a diferença em conhecer as respostas certas e conhecer a verdade?
Nem sempre a resposta certa é a verdade!

Quando comecei a adolescência tinha algumas tarefas em casa, entre elas era separar lenha para meu pai cortar assim que chegasse do trabalho.

Recebíamos do serviço de meu pai madeira de restos de construções e para economizar tínhamos um fogão a lenha que toda noite era aceso para minha mãe cozinhar.

Meu pai chegava do serviço e serrava a madeira que eu separei. Enquanto ele serrava eu o acompanhava e auxiliava segurando e dando firmeza à madeira que ele esta serrando. Em uma tarde em que cumpria minha tarefa tive a idéia de ajudar meu pai em seu trabalho e resolvi por mãos à obra.

Preparei o banco aonde a madeira era apoiada, separei alguns pedaços finos de lenha e peguei o serrote de meu pai. O primeiro corte foi fácil, escolhi o primeiro galho de eucalipto, fino, e em poucos segundos estava serrado. Achei a tarefa muito simples e até prazerosa.

Peguei mais um pedaço agora um pouco mais largo e comecei a serrar, aquele deu mais trabalho, mas cheguei ao final e confesso que bem cansado. Foi então que decidi tomar um pedaço maior, mais largo, fixei-o bem para não escorregar, ele estava sujo de cimento e areia, me preparei e comecei a serrá-lo.

Em certa altura o serrote trancou e não ia nem para traz nem para frente, fiz tanta força que o serrote dobrou e pulou para cima atingindo minha mão esquerda e fazendo um corte bem profundo. Corri para amarrar um pedaço de pano e enquanto meu pai não chegava para me levar ao hospital muito sangue saiu dali.

Lembro de no hospital ao ser costurado o corte me perguntar o motivo do meu fracasso serrando lenha, sabia muita coisa sobre o ofício, conhecia a madeira, o serrote, o banco, enfim tudo. Mas mesmo assim algo deu errado e me machuquei. Passei dias observando meu pai serrar sozinho, e vendo que ele tinha algo que eu não tinha.

Além de todo conhecimento sobre os fatos, de saber tudo sobre a madeira, o serrote e o banco, meu pai possuía alguma força que eu não possuía. Você pode saber muitos fatos e teorias sobre determinado assunto, isso não significa que você sabe ou conhece a verdade sobre isso.

Podemos conhecer a Bíblia como um manual de respostas certas, ou um guia de referência sobre como agir em situações específicas. Usá-la como um método de saber o que fazer sob determinada circunstâncias. Como pensar sobre um determinado assunto ou ainda reagir à ações alheias.

Até é possível ter uma vida exemplar, agir de maneira correta, ser uma pessoa boa, ter sucesso em seguir as regras e acompanhar a maré. Podemos impressionar as pessoas, guardar na memória muitos textos bíblicos que dão base ao que cremos, arregimentar ou organizar um racioncínio lógico, emotivo que influecie muitas pessoas.

Nada disso tem relação com conhecer a Verdade.
Simplesmente é acumulo de dados sobre um determinado assunto, assim como o barco pronto para navegar que não sai do estaleiro, sem conhecer a verdade, você será sem utilidade prática.

O conhecimento da verdade é mais, muito mais que um punhado de regras ou manual de como agir, é o colorido de cada palavra, é ser conduzido a certeza pela essência da mensagem, por aquilo que ela significa, não somente pela carga doutrinária que ela carrega.

A Bíblia não é um conjunto de regras, temos a tendencia de vê-la assim por que assim como o jovem rico queremos saber o que é necessário "fazer para herdar a vida eterna". A bíblia não é um manual de como fazer, nem como ser, nem como viver.

É a pintura de um Deus que sabia que pelo pecado que vive em nós nunca conseguiríamos viver eternamente, pois somos amantes da independência. Em cada página não temos só um monte de versos que dizem o que é certo ou errado, mas os traços do rosto de um Deus que abandonou toda sua glória para viver em nosso lugar a lei.

A verdade está acima do costume, do meio, do dogma, do método, por esse motivo a verdade liberta, por que é uma pessoa. Conhecer a Verdade é ser inundado por ela e ser transformado a imagem dela.

Posso te fazer um convite?

Você quer ser livre?

Você pode agora fechar seus olhos e falar com Seu Pai, ele te ouve, peça a Ele, e será livre.

Fonte: Acesso dia 5 de janeiro de 2009. <http://www.encontrocomopoder.com/2009/02/voce-conhece-verdade.html#comments>. Blog: encontro com o poder.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Mudando o ângulo para enxergar

Minha esposa, filha e eu, mudamos recentemente, e agora moramos numa casa muito aconchegante, mas bastante pequena também.

Todos os dias, sempre que acordo gosto de logo ir para a cozinha e preparar o café. Mas com as constantes mudanças e arrumações para adequarmos nossas coisas, num dia desses sumiu o pó do café. Como a esposa estava dormindo me aventurei a procurar eu mesmo. E nada !! ... Até que eu dei um passo para trás, e olhei um vidro que estava bem à minha frente, mas abaixo de mim. E lá estava o pó do café. Percebi que pela tampa do pote que não é transparente eu jamais acharia o que eu procurava, e na posição inicial eu só via o pote pela tampa. Como o pote era tansparente, quando eu dei um passo para trás identifiquei logo logo que o que eu procurava estava bem ali diante de mim.
Às vezes na vida passamos por semelhante situações. Queremos achar algo, buscamos incessantemente por esse algo, mas ou não nos movemos, ou nossa visão fica limitada por não darmos passos para trás. Eles são fundamentais.
No meu caso, e não só na ilustração do pó de café, mas na minha vida em si, dar um passo para trás significou e continua significando mudar de posição, de "ponto de vista", e assim deixar que um mundo iferente e cheio de novas descobertas salte bem diante de meus olhos.
Um convite de amigo. Você não está achando o que quer? Tente mudar de ponto de vista, de ângulo, dê um paso atrás, refaça sua trajetória se isso for possível, você vai achar. Pode ser que, assim como aconteceu comigo, esse algo esteja bem diante de seus olhos, basta mudar a base, inovar com um passo diferente dos de sempre. Isso implica em coragem .. muitos podem até criticar você, mas mudar de ponto de vista, significa disposição para ver coisas novas, e assim o todo vai se construindo bem diante de você.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Eucaristia.

A "mesa do Senhor" é, ou pelo menos deveria ser, ponto central. A essência das celebrações cristãs e/ou religiosas.

Sem comunhão e partilha, dois em meio aos muitos significados do símbolo da eucaristia, a Igreja é mera reunião legislativa e/ou executiva. Nada além de aglomerado de pessoas que estão lado a lado mas são anônimas umas às outras.

Se a "mesa do Senhor", a eucaristia, é central nas celebrações, se nela moldamos um imaginário exclusivista, dizendo que ela é somemente para essa ou aquela classe de pessoas, desde então estamos treinando nosso povo para criar partidos. Ensinando a fazer separação. Ensinando a privilegiar uns em detrimento de outros.

Vivemos dias de intensa modificação do corpo de Cristo, e no campo eclesiástico mudanças que nos afetarão proundamente ao longo dos anos, e a Igreja coloca em prática e com cada vez maior frequência a "eugenia", na pretensão de comungar somente com santos. O imaginário de facção está cada vez mais presente e solidificando-se na memória da nossa gente. E depositamos sobre o altar a nossa oferta ... e nos dizemos santos, melhores, mais capazes, salvos super- intendentes da salvação ... etc.

Deus nos convida à uma "metanóia", aliás o cristão precisa de constantes conversões, que tal lutarmos não mais pelo fortalecimento do "gueto dos preferidos de Deus", mas pela espiritualidade salugênica que fomenta vida em comunidade. Que tal começarmos na mesa eucarítica a ensinarmos que o Reino de Deus é para todos/as, e que evangelização começa no abraço e não na delimitação "dos certos" e "dos errados", tipo farisaismo.

Abraço.