terça-feira, 20 de janeiro de 2009

OS ILUSIONISTAS


“Ora, havia certo homem chamado Simão, que praticava a arte mágica,
iludindo o povo de Samaria, insinuando ser ele grande vulto; ao qual todos
davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus; aderiam a ele porque há muito os iludira com mágicas” (Atos 8.9-11)


David Copperfield, Criss Angel e o grande Houdini. O que há em comum entre estes homens? São todos eles mestres na arte do ilusionismo: o que você vê não é o que você vê, e palavras e gestos apontam para aquilo que não é. O propósito deles não é mostrar a verdade, mas divertir e sobretudo causar espanto.

Diante de um ilusionista não se pergunta se aquilo é real. Aos espectadores há a alegria de suspenderem momentaneamente o enfado de suas vidas embarcando naquele teatro do entretenimento. Estes homens podem até enriquecer com suas artes mágicas, mas em momento algum chamam o que fazem de “verdade”, ao contrário, vendem ilusão para o público que paga ingresso para ser iludido.

Entretanto, há outra classe de ilusionistas que tem provocado estupor. São os ilusionistas da fé. Desde o início da igreja primitiva eles também se apresentam. Em Samaria havia um homem chamado Simão que iludia o povo com suas artes mágicas, que chamava as mágicas que ele praticava de “poder de Deus”.

Estes também não têm compromisso com a verdade. Prometem transformar ofertas e dízimos em emprego garantido, cura, prosperidade e ascensão social. Assim como o público de Houdini, a platéia moderna não está interessada em analisar os fatos através da categoria da verdade. São pessoas sugestionáveis, e portanto crédulas (que é diferente de ter fé), e jamais usam a bíblia como fonte de critério e discernimento.

Quando vemos milhares de pessoas reunidas, não numa fé libertadora, mas numa fé cega, não amando a Deus com entendimento, mas abrindo mão da razão, e não conferindo palavra por palavra do que lhes é oferecido, então é como se todos estivessem num grande “transe” similar ao espiritismo, com a diferença que os guias estão bem vivos. Nos encontros promovidos pelos ilusionistas ocorre uma espécie de hipnose coletiva, e não há nenhum interesse do espectador em sair daquele estado, por isso barram qualquer pensamento crítico.

Confrontar um ilusionista da fé é um sacrilégio, pois ele se apresenta como o “poder divino”. Aliás, esta é a ação preferida de Satanás: autenticar como sendo de origem divina todo e qualquer ato prodigioso. A ação destes homens cria ilusão e não fé, promove ajuntamento, mas não comunhão, agrada aos olhos, mas não transforma o coração.

Satanás é o Grande Ilusionista. Nele tudo é exagerado, carregado nas cores, nas certezas. Ele promove espetáculos porque lhe falta conteúdo, entretanto domina magistralmente as técnicas de manipulação de massas e de mentes.

Imaginemos uma reunião com quatro mil homens de negócios fazendo uma corrente para alcançar sucesso em suas empreitadas, e para isso obedecem cegamente as ordens emanadas dos ilusionistas (observem que eles sempre pedem para fazer algo estranho para a mágica dar certo). Ao final de um mês, é bem provável que um em cada quatro será bem sucedido, o que garantirá ao menos duzentos testemunhos por um longo tempo. Mas o sucesso aconteceria independentemente de qualquer confissão de fé. Seria o mesmo se fizessem seus pedidos a Buda, Krishna, ou Santo Antão. A razão? Há uma Graça Comum do Eterno para com toda a Sua Criação: “Deus é bom pra todos” (Salmo 145.9), e por isso Ele manda o sol e a chuva tanto para bons quanto para maus.

Onde está o truque? Fazer crer que, eles, ilusionistas, realizaram algo extraordinário. Mas eles jamais mencionam a multidão de desiludidos que depois de algum tempo voltarão para casa amargurados e decepcionados com Deus. Mas isto não importa, pois logo outra gente se reunirá para buscar a “sorte grande”.

Se os ilusionistas da fé realmente fizessem tudo aquilo que prometem já teriam chamado a atenção do IBGE que registraria bolsões de prosperidade em regiões de reconhecida pobreza. De igual modo não há estatísticas provando que os freqüentadores de igrejas de “Confissão Positiva” ficam menos doentes que os demais mortais. Mas posso garantir que a estatística de morte entre eles é 100% igual aos descrentes.

Se os ilusionistas sofrerão severo julgamento, os que se deixam iludir também passarão por ele, pois não acolheram “o amor da verdade para serem salvos” (2Ts 2.9), e é por este motivo que Deus lhes manda “a operação do erro para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade” (2Ts 2.10-12).


Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br