sábado, 21 de maio de 2011

Não andeis ansiosos (...)

Texto base: Mateus 6.25-34
Existem maneiras distintas de definir “a ansiedade” e/ou seus níveis de influência em determinada pessoa. Atualmente, a questão vem sendo muito estudada e debatida por estudiosos, por ser um dos maiores males da nossa época. Concorda-se que a ansiedade envolve e afeta o ser humano como um todo: cérebro, comprometendo os estímulos; influencia nossas emoções, sentimentos e sensações; nosso corpo físico (somatização). A ansiedade implica também diretamente na vida espiritual da pessoa; todos/as temos um corpo espiritual (Cf.: 1Co 15.44). Precisamos cuidar dele (Cf.: 2Co 4.16 e 1Pe 3.4).

Fico maravilhado ao ver que Jesus, em seu ministério, precisou tratar a ansiedade de seus discípulos e seguidores – a Bíblia registra o momento em que Ele o faz. Em suas palavras Jesus nos adverte que a vida de uma pessoa ansiosa pode ser afetada (Cf.: Lc 9.57-62 e Lc 10.4); ao ponto de bloquear e impedir de fluir em nós a vida plena e abundante que Ele pode e quer nos dar (Jo 10.10b).

A pessoa ansiosa, além de “amarga”, é impulsiva e descontrolada; pois cultiva medo e insegurança no coração por expectativas intensas sobre o futuro. Acaba escrava do sentimento de vazio por não poder antever o amanhã; é amante do poder de controlar tudo e todos à sua volta pensando poder se “precaver” com relação ao dia seguinte. Uma pessoa ansiosa toma decisões quase sempre precipitadas e prejudiciais; é serva e escrava do dinheiro. Notem que esse é o tema da discussão de Jesus antes de Ele tratar o problema da ansiedade em si (Mt 6.24). Esses são os degraus de uma escada que só desce; que te conduz para o porão da vida: necessidade de ter poder – para exercer controle – que induz o apego ao dinheiro – e gera maior ansiedade.

O Apóstolo Paulo (Cf.: Fp 3.12-16) nos adverte sobre a necessidade de andarmos segundo aquilo que já alcançamos (v.16); guardando o sentimento, a paixão, de prosseguir sim, mas em direção à Cristo que já está bem diante de nós (v.13). Qualquer desvio com relação a esse caminho de Boas Novas (Cf.: Is 40.9 e Jo 14.6-7) precisamos parar e rever nossa postura na caminhada (Gl 1.6-9). E buscar o equilíbrio que Pedro obteve em seu ministério já depois de amadurecido, uma experiência profunda com um Deus que cuida (Cf.: 1Pe 5.7).

No texto base, v. 27, Jesus nos orienta sobre a banalidade da ansiedade; não acrescenta nada em nossas vidas. Precisamos sim, crer que temos um Pai zeloso (Dt 4.24 e Jl 2.18) e que cuida de nós (Sl 40.17). Confiar no Deus misericordioso e provedor (Sl 103.8), que nos traz como acréscimo: bênçãos incontáveis (v.33).

É tempo de nos aquietar! Entregues à presença do Senhor nosso Deus, crendo que somos mais do que vencedores sobre todas as coisas que poderiam gerar afastamento e vazios (Rm 8.37). Só após rompermos com as cadeias da ansiedade seremos abençoados/as; suficientemente livres para viver o mais de Deus; o melhor do Reino. Amém!

Que o Senhor Deus continue nos abençoando! Do amigo e pastor, Pr. Antônio Luiz de Freitas Junior

O Nosso exemplo é Cristo: Funcionalidades do grupo de discipulado/ parte 1

Texto Base: Mc 3.13-15


Favoravelmente ao Reino de Deus, Jesus, sendo Ele mesmo Deus, partilhava seus ensinamentos de maneira tal que as pessoas pudessem entendê-los em toda sua profundidade. Dos que seguiam o ministério de Jesus, alguns eram meros expectadores ou ouvintes (Cf.: Mt 21.8-9 e Mc 9.25), outros se tornavam seguidores fiéis e apaixonados - verdadeiros discípulos (Cf.: Mt 9.36-37); e como percebemos no texto bíblico que é referência para o nosso estudo, foi dos discípulos que Jesus escolheu os doze que seriam a base do ministério apostólico (Cf.: Mt 10.1-2). Conforme a própria Bíblia nos relata a tradição cristã do ministério apostólico permaneceu mesmo após a morte de Jesus (ver.: At 1.25-26; 14.14 e Rm 1.1-5). Ser discípulo é ser aprendiz, aluno comprometido com o mestre; e apostolo é o título que o discípulo recebe quando é comissionado e enviado como mensageiro do mestre – nesse caso, mensageiro de Deus. A missão bíblica de um apóstolo era anunciar o evangelho e lançar as bases da Igreja (Cf.: At 4.33 e Ef 2.20).

Jesus não trabalha com a lógica dos preferenciais para fazer a escolha daqueles que seriam “os apóstolos”; mesmo porque Ele não faz acepção de pessoas (Cf.: At 10.34; Rm 2.11 e Ef 6.9). Embora a Bíblia nos declare que Jesus escolheu os que Ele quis para o apostolado, o intuito de Jesus não era montar uma “tropa de elite”, nem mesmo indicar “um grupo dos bons”, ou de “preferidos” (ver.: Mt 20.20-28; Mc 9.33-35; 10.35-45). Medite nisso: em nenhuma circunstância bíblica teríamos condições de fazer a afirmação de que Deus tem os/as seus/suas preferidos/as. A lógica do Reino de Deus e conseqüentemente a de Jesus sempre foi tratar a pessoa no seu todo, discipular, preparando-as para a atitude mais poderosa do Reino: servir o outro; o diferente de mim mesmo (Mc 9.35, 10.44).

Lembremo-nos, que para falar à multidões que o seguia por onde quer que Ele fosse (Cf.: Mc 3.8), e sem microfone, o mestre da comunicação precisou usar de estratégias naturais para ser ouvido e compreendido. Sabemos que Jesus usava o vento favorável e sua posição relativa às fendas nas montanhas (aproveitamento do eco e prolongamento do som) para transmitir seus ensinamentos aos que estavam com Ele (ver.: Mt 5.1 e Mc 4.33). No entanto, há uma estratégia específica, e que talvez seja uma das mais importantes que Ele nos deixou como exemplo: suas atividades em grupos com número reduzido de pessoas. Podemos perceber isso na escolha dos doze, mas também em outras situações: com dois (Cf.: Lc 24.13), três (Cf.: Mc 9.2), setenta (Cf.: Lc 10); e assim sucessivamente.

Além das estratégias de comunicação que a Bíblia nos relata, essas atividades que Ele praticava em/com grupos pequenos é fundamental para a melhor compreensão e assimilação da mensagem inovadora; a mensagem das Boas Novas era confrontante para a época de governo que estava sob a égide do Império Romano. Esse espaço valorizado por Jesus, posteriormente, com a destruição do Templo, não foi somente uma estratégia, e sim fundamental para a permanência e disseminação do cristianismo - a Igreja Primitiva utilizou o espaço das casas para a pregação da mensagem de Jesus Cristo.

• Com relação à esses espaços, considere os seguintes fatores:

1. Valorização da unidade e melhor aprofundamento de relacionamento inter-pessoal (Cf.: At 12.12; 1Co 16.19);

2. A possibilidade de compreensão dos ensinamentos fica ainda mais facilitada (Cf.: Mc 9.28; At 5.42);

3. Melhor espaço de discussão para os temas propostos: polêmicos ou não (Mc 9.28);

4. Há uma abertura muito rica para a criação de vínculos mais familiares (At 16.34);

5. Por ser esse um espaço diferenciado: Algumas pessoas com dificuldade de ir ao templo e unir-se à Igreja, por inúmeros motivos, e algumas até por não saber à fundo o que é um culto, agora podem participar (C.f.: At 11);

6. Existe um mistério de Deus que envolve as casas onde aconteciam os cultos no N.T. Há uma bênção do Senhor ordenada nos ensinamentos da casa; para as ministrações nos lares (C.f.: Mt 2.11, 7.24, 10.13; At 2.2; Hb 3.4);

• Qual é nosso objetivo com os grupos pequeno enquanto Igreja Metodista?

Além de seguirmos o modelo de Cristo, considerando e abraçando fortemente todos os pontos acima citados, estamos também buscando nessa visão de grupos de discipulados, um meio saudável e natural (sem imposições) para consolidar aqueles/as que já conhecem à Cristo; também abrir um espaço de pregação da Palavra de Deus, de forma tal que aqueles/as que ainda não conhecem à Jesus ouçam o Evangelho das Boas Novas do Cristo e O aceitem como único e eterno salvador de suas vidas – nossa maior missão enquanto cristãos (Cf.: 2Tm 4.2).

Num segundo momento, precisamos gerar no coração dessas pessoas que freqüentam o grupo de discipulado, o desejo de estarem reunidos com a Igreja (Igreja não é o templo e sim a família maior reunida para cultuar ao Senhor Deus). Muitos acreditam que isso é uma estratégia para acréscimo numérico na instituição, mas não é assim que discutimos o desejo despertado nessas pessoas para que estejam reunidas com a Igreja. Considere que:

1. É na família maior (Igreja – entre irmãos/ãs) que somos confrontados em processo de convivência com o todo – um processo muito mais rico e complexo. E isso é muito importante, especialmente considerando que num determinado momento fica bastante cômodo participar de uma reunião de discipulado – ao ponto de muitas coisas permanecerem ainda ocultas e portanto sem tratamento – é possível que somente no contato com o todo exista maior abertura da parte dessa pessoa para que haja tratamento completo da parte de Deus;

2. Não que “grupos pequenos” não sejam “a Igreja”, mas o são “em parte”. Lembremo-nos que quando Jesus voltar Ele vai arrebatar “a Igreja do todo e mais ainda”; vai arrebatar um povo inteiro! Isso nos estimula a ensinar, enquanto Discipuladores, que é fundamental estarmos agregados à uma família de fé;

3. Muitas pessoas hoje têm dificuldades de estabelecer compromisso fixo. Estar ajustado aos compromissos da Igreja faz com que as pessoas percebam o compromisso como uma fidelidade necessária para alcançarem o mais de Deus (Mt 25.21);

4. Muitas pessoas hoje têm dificuldades de se submeter à autoridades; inclusive a pastoral. Mas isso é necessário para a ovelha. Muitos se escondem atrás de argumentos como: - “não gostei do culto”, “não gosto dessa Igreja”, “não levo jeito para isso”, “isso é coisa de instituição”; mas na verdade estão se escondendo do fato de não saberem obedecer; não se sentem bem se submetendo a uma autoridade, seja ela pastoral, ou de qualquer outro nível de liderança. Isso é maligno e gera “poda do tempo vital do homem/mulher” (Cf.: 2 Co 10.6; Rm 13.1-7 e Hb 12.9). Trazê-la ao templo para freqüentar a Igreja jogaria por terra tais argumentos de satanás.

5. Possibilita, que todos/as quanto queiram imitar à Cristo, sejam Discipuladores/as de pessoas. Sejam líderes, homens e mulheres, responsáveis por dar suporte em amor ao outro; verdadeiros cuidadores/as (Cf.: Ef 4.2).

• Consequências imediatas dessas atividades na estrutura da Igreja como um todo:

1. Plano de sólido de caminhada dentro da estrutura da Igreja: não só para os membros mais antigos, mas também para os recém convertidos – uma vez que o foco está na no cuidado e na ministração da Palavra;

2. Melhor aproveitamento e assimilação da Palavra;

3. Aprofundamento nos conhecimentos de textos bíblicos, e seus contextos;

4. Melhor aproveitamento da presença pastoral;

5. Valorização da figura pastoral;

6. Valorização da pessoa do pastor;

7. Valorização do líder;

8. Todos/as podem vir a ser líderes valorizados/as – Reflitam sobre o “sacerdócio universal de todos os crentes” (do Reformador Martinho Lutero);

9. Melhor desempenho pastoral como um todo;

10. Um povo sarado que multiplica esse estado de saúde e contagia com a paz do Senhor Jesus;

11. Uma Igreja consolidada;

12. Crescimento no nível qualitativo e quantitativo da Igreja;

13. Expansão do Reino de Deus.

Pense nisso e permita que o Senhor Deus, por meio do Espírito Santo, trabalhe essas questões em você, primeiro no seu coração e mente; só assim terás a paixão necessária para passar essa mesma visão àqueles/as que o Senhor tem confiado à você para o exercício do carinho e do cuidado.

Que o Senhor continue te abençoando, à cada dia mais.
Do seu amigo e pastor: Pr. Antônio Luiz de Freitas Junior.

terça-feira, 17 de maio de 2011

RASGUE A SUA AGENDA

"Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos,
nem os vossos caminhos os meus caminhos,
diz o SENHOR" (Isaías 55.8)

No início de cada ano corremos às papelarias em busca de uma nova agenda. Não dá pra viver sem uma. Nela anotamos nossos compromissos, o que é “urgente”, o que não podemos esquecer, e para quem telefonar. Consta dela também os nomes das pessoas que são importantes para nós – e quem deixou de ser, no ano seguinte não fará mais parte dela.

Agenda é pessoal e íntima porque diz respeito a nós, e a ninguém mais. A partir dela é até possível conhecer um pouco de seus donos: seus projetos, seus gostos pessoais, e o que tem importância para eles.

Permita-me falar um pouco sobre a sua agenda, mas não daquela “caderneta” de anotações e recados, mas de sua agenda de compromissos com a vida e com Deus.

Vemos cada vez mais cristãos comprometidos com uma agenda repleta de motivações distantes das coisas do Reino, visando apenas suas realizações e bem-estar pessoal. Embora isso aparentemente não seja condenável aos olhos da maioria das pessoas, sob a perspectiva divina, entretanto, esse interesse revela-se parcial, unilateral, e até mesmo egoísta. Se a sua agenda não contempla mais ninguém além de si mesmo e sua prole ela em nada o diferencia do restante da humanidade que não está “nem aí” com Deus: “se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os gentios também o mesmo?” (Mt 5.46).

Então, muitos, para dar uma aparência de legitimidade à sua agenda pessoal, tentarão inserir Deus nela, para dizer que Ele está no “negócio”. Se você é desses que pensam dessa forma, sinto lhe dizer, mas não é assim: Deus tem a agenda Dele e quer que você faça parte dela – e não o contrário.

Alguns que imaginam conhecer um pouco a bíblia irão afirmar que estou enganado, pois o Eterno está sempre disposto a atender aos nossos desejos mais sinceros. E para isso se amparam na seguinte promessa divina: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do teu coração” (Salmo 37.4).

Talvez não haja verso mais mal interpretado das Escrituras. Ele parece dar vazão a toda sorte de sonhos, aspirações, e até caprichos pessoais. Na verdade, quem se agrada do Senhor possui um coração diferente, um coração dominado por Cristo, e naturalmente os seus desejos foram regenerados, transformados e serão aqueles que o Espírito colocou ali. Alguém tocado pelos interesses do Pai, com certeza não tem um coração voltado para um Rolex, nem os olhos desejosos duma reluzente pickup 4X4 off-road, nem pedirá para acertar sozinho na MegaSena.

Deus tem uma agenda para os seus filhos, e quem deseja andar com Ele, precisa aceitar os seus termos. A possibilidade de Deus andar junto com o homem, só pode se tornar real se “houver entre eles acordo” (Amós 3.3). Obviamente o mundo não deseja participar dessa aliança porque não pretende submeter-se aos interesses do Pai. Por isso Ele procura no mundo aqueles que queiram.

Embora seja Todo-Poderoso, Deus nada impõe, mas faz um convite para que participemos de sua agenda: “Vinde, pois e arrazoemos, diz o Senhor” (Is 1.18), ou seja, “venha, vamos conversar, tenho algo interessante a lhe propor.... aprenda a cuidar dos Meus interesses no mundo... olhe ao seu redor com os meus olhos... enxergue as pessoas da maneira que Eu as vejo.... entregue-me sua agenda, permita-me participar efetivamente de sua vida....”.

Tenho de confessar que os erros dos quais mais me arrependo foram aqueles por eu ter seguido a minha própria agenda, o “meu” tempo, os “meus” propósitos, e não exatamente os de Deus. Felizmente Ele foi paciencioso e permitiu que eu mantivesse uma agenda própria de santidade, até que eu descobri que isso não pode dar certo. Somente então Ele me ensinou: “Filho, os meus propósitos não são os seus, o meu tempo pode parecer mais demorado que você gostaria, e a maneira que Eu trabalho difere totalmente da sua”.

Creio que a maior prova de amor e confiança que podemos demonstrar para com Deus é permitir que ele rasgue a nossa agenda. Rasgar a agenda significa caminhar para um saudável desprendimento: não mais eu, mas Ele. Não mais minhas prioridades, mas as do Pai. Não mais meu benefício próprio, mas do Reino. Não mais meus métodos, nem minhas “armas carnais”, mas aquelas poderosas em Deus para destruir fortalezas e anular sofismas (2Co 10.4).

Sinceramente, você seria capaz disso? Permitiria que Ele riscasse de sua agenda tudo aquilo que não nasceu Dele e nem foi submetido a Ele? Não continue adiando isso por muito tempo, pois tão logo você decidir entregar a sua agenda a Deus, vai perceber claramente que a Agenda Dele é infinitamente melhor.


Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br