Certamente quero fugir de generalizações no texto que segue, o título dá pistas sobre isso. Também não quero ferir ninguém em seus preceitos de vida, quaisquer que sejam eles.
Resposta a um colega, do blog “Teologia e Vida”
Perdoe-me o jeito um tanto descontraído e descuidado de abordar o tema
Esclarecimentos e questionamentos pessoais:
Eu disse mesmo que Deus é amor e justiça, mas não disse que não concordo com o fato de Ele ser soberano, especialmente no sentido de dar um “desfecho justo(!?) para os ímpios”: Isso eu não disse. Eu disse que eu não concordo com a “divina” pré-eleição dos salvos e automaticamente a delimitação de quem é "o ímpio". E que isso, desde já, fique bem claro.
Sobre sua frase: “Deus não pode inocentar o culpado”. Em primeiro lugar, me ocorreu uma questão: Como “um deus” que predeterminou os salvos pode se irritar com os que são ímpios? Sobre os não salvos, “deus” deveria esperar a perversão. Além de “escolher” (sei que você vai discordar que “deus” tenha escolhido os ímpios, mas, se “ele” determina os eleitos, os ímpios são o que sobrou da massa) os vasos para a desonra, “deus” ainda os pune quando se ira contra a perversão deles? Aí para justificar a ira desse “deus-iracundo” você vai me dizer que é porque “ele” é santo e abomina o pecado né!? E que isso é a Bíblia que diz!! Eu sei ... eu sei ... Outra coisa, mais uma questão, que a justiça divina inclua punição, pode até ser, mas seria uma punição eterna? E de “tira-colo” com bastante tortura? Num lugar bastante quente: “EITA deus!!!”. Tem que ser mal (ops!), “justo”, para criar “uma salinha assim”. Me fez lembrar do período da ditadura no Brasil. Certo momento você disse que, pecadores merecem mesmo o inferno: que evangelho é esse heim!? Certamente não é o de Jesus Cristo. Pois saiba você, que vou lutar até morrer por cada um/a deles/as, por piores que sejam, e ainda que me digam que não querem o meu Deus, como já o fizeram, e ainda que escolham viver as primícias literalmente do inferno, estarei lá, ao lado deles, gastando os meus dias, “buscando a minha cruz”, pregando o evangelho – as Boas Novas de salvação.
Interessante que, nas suas observações, Deus é injusto se Ele inocentar um culpado, mas é justo quando predetermina os que serão salvos, e automaticamente os que não serão (culpados). Não seria injustiça Deus não dar a chance de um “eleito” optar por não adorá-lo? Esse “deus” é quase um “general da ditadura militar”. Deus, na sua opinião, não pode inocentar um culpado, mas o inocentado por Ele, nem tem a chance de ser ímpio. Bela justiça essa, de via única.
Você disse que Deus dá coisas boas a quem às merece, e coisas ruins a quem às merece. Essa lógica da recompensa, mercantilista, que aparece em seu discurso, e no imaginário religioso atual, tem que ser jogada por terra. Ele legitima a venda da bênção, a compra da salvação, etc ... Isso é imaginário da Idade Média.
Você disse que se Deus não fizer assim ou assado, Ele não seria Deus. Já leu o livro de Jó todo? Como o livro critica esse tipo de determinismo com relação à pessoa de Deus?
Você disse que a eleição de alguns, diga-se de passagem, ainda que em estado de perversão, impressiona. A sua é uma delas né!? Sua salvação! Não te impressiona os tantos outros que não foram eleitos (os dês-eleitos) e que estão literalmente indo para o inferno? Uma bela lógica, se eu estou bem, o resto é que se dane no inferno !!! e mais, quer dizer que você só adora porque foi eleito à salvação? Isso fortalece a lógica de mercado, da recompensa como eu disse anteriormente. Tem muita gente covarde correndo pra Igreja com medo de inferno, ou tentando impressionar para ganhar uma “bençãozinha”. Já sei o que você vai dizer, mas elas estão mentindo, não se converteram nada, quem somos nós para julgar? Eu acho, que na verdade, elas estão sendo influenciadas por doutrinas que fortalecem a lógica de mercado quando em relacionamento com o sagrado.
Você usou um termo que mexeu mesmo comigo: “Doutrinas vindas do próprio Deus”. Há para com isso !!! Vamos olhar agora, de verdade, sem mascaramentos, para a nossa realidade? Para a realidade dos nossos jovens hoje, nossa gente dentro e fora da Igreja, nossos anciãos, nossa terra, nosso Brasil. Para a religião de hoje, e para alguns religiosos de hoje, falta uma certa dose de realismo. Não estou dizendo que é o seu caso, mas tem muita gente pensando demais em religião e sendo religioso, mas não é cristão. E mais, são pessoas que pensam, escrevem um texto bastante persuasivo e “gostoso de ler”, mas têm “a cabeça cristã” de quem pensa a partir do escritório adornado, e com ar condicionado, que mal tem nisso!? Nenhum, desde que não o prenda e impeça de olhar para a “vida real”, cotidiano, de pisar na lama, lá onde mora as gentes simples, essas que buscam verdadeiramente as bênçãos das mãos do Pai, e que para isso contam com a presença da Igreja.
O que eu tinha para dizer é isso. Espero que possamos continuar o nosso diálogo de forma madura e saudável, embora eu não sei se existiria o propósito em ficarmos trocando e exibindo nossas diferenças via blog. Mas, desde que isso seja saudável, caro colega, estou hoje e sempre, à disposição.
Estou confeccionando uma segunda parte para esse texto, mais para ampliar e aprofundar a reflexão sobre alguns desses pontos levantados, que por hora, tive que ser sucinto, e certamente como conseqüência do sumário, mal compreendido. Inclusive, ainda preciso fazer com que o meu título tenha sentido como o todo do texto.
Abraço.