domingo, 8 de fevereiro de 2009

Bênção do novo Dia


Luiz Carlos Ramos
Senhor,
A diversidade da tua criação,
a criatividade da vida em nós
e a pluralidade das estradas
nos surpreendem.
Teus misteriosos
propósitos nos reuniram,
nos aproximaram
e nos fizeram conviver.
Agora, esses mesmos propósitos nos enviam,
nos dispersam e conduzem,
por diferentes caminhos,
a diferentes destinos.
Ontem, éramos crianças que brincavam nos campos do Senhor,
personagens dos sonhos de Deus.
Hoje, somos gente peregrina,
cuja estrada se conjuga no plural.
Mas amanhã será um outro dia.
— Como será o dia de amanhã?
Senhor, tu o sabes!
Suspiramos, em nossas preces,
na esperança de que seja
um novo dia de plena alegria.
Abençoa-nos, Senhor, para que,
de forças recobradas,
vejamos o raiar do dia
no qual os ódios serão aplacados
e os temores abrandados.
Que o teu amor nos envolva
e a tua vida em nós seja plena.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém.
Acesso dia 8 de fevereiro de 2009.

Por que a presunção absolutista de alguns dos adeptos da fé reformada? (PARTE I).

Certamente quero fugir de generalizações no texto que segue, o título dá pistas sobre isso. Também não quero ferir ninguém em seus preceitos de vida, quaisquer que sejam eles.

Resposta a um colega, do blog “Teologia e Vida”
Perdoe-me o jeito um tanto descontraído e descuidado de abordar o tema

Esclarecimentos e questionamentos pessoais:

Eu disse mesmo que Deus é amor e justiça, mas não disse que não concordo com o fato de Ele ser soberano, especialmente no sentido de dar um “desfecho justo(!?) para os ímpios”: Isso eu não disse. Eu disse que eu não concordo com a “divina” pré-eleição dos salvos e automaticamente a delimitação de quem é "o ímpio". E que isso, desde já, fique bem claro.

Sobre sua frase: “Deus não pode inocentar o culpado”. Em primeiro lugar, me ocorreu uma questão: Como “um deus” que predeterminou os salvos pode se irritar com os que são ímpios? Sobre os não salvos, “deus” deveria esperar a perversão. Além de “escolher” (sei que você vai discordar que “deus” tenha escolhido os ímpios, mas, se “ele” determina os eleitos, os ímpios são o que sobrou da massa) os vasos para a desonra, “deus” ainda os pune quando se ira contra a perversão deles? Aí para justificar a ira desse “deus-iracundo” você vai me dizer que é porque “ele” é santo e abomina o pecado né!? E que isso é a Bíblia que diz!! Eu sei ... eu sei ... Outra coisa, mais uma questão, que a justiça divina inclua punição, pode até ser, mas seria uma punição eterna? E de “tira-colo” com bastante tortura? Num lugar bastante quente: “EITA deus!!!”. Tem que ser mal (ops!), “justo”, para criar “uma salinha assim”. Me fez lembrar do período da ditadura no Brasil. Certo momento você disse que, pecadores merecem mesmo o inferno: que evangelho é esse heim!? Certamente não é o de Jesus Cristo. Pois saiba você, que vou lutar até morrer por cada um/a deles/as, por piores que sejam, e ainda que me digam que não querem o meu Deus, como já o fizeram, e ainda que escolham viver as primícias literalmente do inferno, estarei lá, ao lado deles, gastando os meus dias, “buscando a minha cruz”, pregando o evangelho – as Boas Novas de salvação.

Interessante que, nas suas observações, Deus é injusto se Ele inocentar um culpado, mas é justo quando predetermina os que serão salvos, e automaticamente os que não serão (culpados). Não seria injustiça Deus não dar a chance de um “eleito” optar por não adorá-lo? Esse “deus” é quase um “general da ditadura militar”. Deus, na sua opinião, não pode inocentar um culpado, mas o inocentado por Ele, nem tem a chance de ser ímpio. Bela justiça essa, de via única.

Você disse que Deus dá coisas boas a quem às merece, e coisas ruins a quem às merece. Essa lógica da recompensa, mercantilista, que aparece em seu discurso, e no imaginário religioso atual, tem que ser jogada por terra. Ele legitima a venda da bênção, a compra da salvação, etc ... Isso é imaginário da Idade Média.

Você disse que se Deus não fizer assim ou assado, Ele não seria Deus. Já leu o livro de Jó todo? Como o livro critica esse tipo de determinismo com relação à pessoa de Deus?

Você disse que a eleição de alguns, diga-se de passagem, ainda que em estado de perversão, impressiona. A sua é uma delas né!? Sua salvação! Não te impressiona os tantos outros que não foram eleitos (os dês-eleitos) e que estão literalmente indo para o inferno? Uma bela lógica, se eu estou bem, o resto é que se dane no inferno !!! e mais, quer dizer que você só adora porque foi eleito à salvação? Isso fortalece a lógica de mercado, da recompensa como eu disse anteriormente. Tem muita gente covarde correndo pra Igreja com medo de inferno, ou tentando impressionar para ganhar uma “bençãozinha”. Já sei o que você vai dizer, mas elas estão mentindo, não se converteram nada, quem somos nós para julgar? Eu acho, que na verdade, elas estão sendo influenciadas por doutrinas que fortalecem a lógica de mercado quando em relacionamento com o sagrado.

Você usou um termo que mexeu mesmo comigo: “Doutrinas vindas do próprio Deus”. Há para com isso !!! Vamos olhar agora, de verdade, sem mascaramentos, para a nossa realidade? Para a realidade dos nossos jovens hoje, nossa gente dentro e fora da Igreja, nossos anciãos, nossa terra, nosso Brasil. Para a religião de hoje, e para alguns religiosos de hoje, falta uma certa dose de realismo. Não estou dizendo que é o seu caso, mas tem muita gente pensando demais em religião e sendo religioso, mas não é cristão. E mais, são pessoas que pensam, escrevem um texto bastante persuasivo e “gostoso de ler”, mas têm “a cabeça cristã” de quem pensa a partir do escritório adornado, e com ar condicionado, que mal tem nisso!? Nenhum, desde que não o prenda e impeça de olhar para a “vida real”, cotidiano, de pisar na lama, lá onde mora as gentes simples, essas que buscam verdadeiramente as bênçãos das mãos do Pai, e que para isso contam com a presença da Igreja.

O que eu tinha para dizer é isso. Espero que possamos continuar o nosso diálogo de forma madura e saudável, embora eu não sei se existiria o propósito em ficarmos trocando e exibindo nossas diferenças via blog. Mas, desde que isso seja saudável, caro colega, estou hoje e sempre, à disposição.

Estou confeccionando uma segunda parte para esse texto, mais para ampliar e aprofundar a reflexão sobre alguns desses pontos levantados, que por hora, tive que ser sucinto, e certamente como conseqüência do sumário, mal compreendido. Inclusive, ainda preciso fazer com que o meu título tenha sentido como o todo do texto.


Abraço.