quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O QUE REALMENTE IMPORTA


Há muito poucas coisas na vida que realmente importam. E saber reconhecê-las é prova de sabedoria. Por isso eu creio que não seja possível saber o exato valor das coisas enquanto a alma não for banhada pela luz que vem do Alto. Ou seja, se o Eterno não tocar profundamente o nosso coração, e não mudar os nossos olhos, teremos uma existência marcada por constantes erros de valores.

A ausência de Deus na vida do homem o impulsiona a gastar-se por “nada”, a lutar por “coisa nenhuma” e a se enriquecer com “contas de vidro”. É famosa a história do desbravador Fernão Dias que no século XVII se embrenhou pelo interior obcecado pela beleza das esmeraldas e morreu apertando entre às mãos um punhado de pedras verdes, que imaginava serem aquelas, quando na verdade tratava-se de um mineral sem grande valor.

Há muita gente com os olhos vidrados correndo atrás do vento, correndo atrás de prestígio, de reconhecimento, agarrados às coisas que imaginam serem preciosidades, e de repente os anos passam, a vida é perdida, e o prazer se esvai entre os dedos....

Conta-se que um milionário texano encontrou uma freira no Pacífico cuidando de leprosos, e lhe falou: -“Irmã, eu não faria isso por dinheiro nenhum do mundo”. E ela respondeu: -“Eu também não meu filho, eu também não”. Ela possuía a paz e a serenidade de alguém que descobriu o que realmente importava.

Não saber o que de fato importa na vida é perder-se em frivolidades, em sensibilidades, é se machucar por nada. Uma jovem médica infectologista foi trabalhar com pacientes terminais contaminados com o HIV. Questionada sobre o que isso mudou em sua vida, ela disse: -“Aprendi a me alegrar com as pequenas coisas... e perdi a paciência de lidar com pessoas que reclamam de tudo na vida”. Assim como ela também acabou minha paciência em lidar com cristãos mimados presos à futilidades.

Valorizar as pequenas coisas... não foi isso justamente o que Jesus veio nos ensinar? Ao homem que queria construir celeiros para armazenar sua produção, e passar o resto de seus dias comendo , bebendo e regalando-se, Ele chama de “louco” (Lc 12.20). Também é pedagógico o texto em que um jovem rico se aproxima do Mestre e pergunta o que precisa fazer para herdar a vida eterna. Jesus, olhando para ele, o amou e lhe propôs: “Uma coisa ainda te falta: vai vende tudo o que tens e dá aos pobres” (Mc 10.21). O jovem, sem dizer palavra, retirou-se dali triste, pois possuía muitas propriedades.

Que fique claro: o problema não está em possuir bens ou dinheiro, mas Jesus conhecia aquele coração e queria mostrar-lhe que o seu apego aos bens materiais deturpava-lhe a visão correta da vida, e por isso pediu a ele uma renúncia. Aquele jovem precisava resolver essa questão existencial. O mesmo vale para nós: o que precisamos renunciar?

“Marta, Marta, andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa...” (Lc 10.42).

Somos as “Martas” de hoje que correm, se fatigam, vivem ansiosas, necessitam de remédios para dormir – pois não conseguem se “desligar”.... Somos as Martas que transformaram a simplicidade da vida em uma busca sôfrega de “mais e mais”, aliados a uma preocupação excessiva com tudo que se refere ao amanhã.

Em sociedades competitivas como o Japão as crianças são incentivadas desde cedo a se destacarem. E a escola deixou de ser lugar de aprender, mas de competir. Tragicamente isso tem provocado as maiores taxas do mundo em suicídio infantil.

Edwin Aldrin foi o segundo astronauta a pisar no solo lunar, logo após Neil Armostrong. Ao retornar, a pergunta que ouviu de seu pai foi: “Por que você não foi o primeiro?”. Depois disso sofreu de depressão e alcoolismo por dezoito anos.

Creio que todos concordamos que não há maior prazer que “comer, beber e gozar do fruto do trabalho”, como ensina Eclesiastes. Mas o homem simples de fé reconhece que tudo isso “vem da mão de Deus, e separado Dele ninguém pode se alegrar verdadeiramente”. Ou seja, separado de Deus tudo perde o seu valor.

O Evangelho nos remete a uma nova forma de viver. Lançar um novo olhar é fundamental para a compreensão do exato valor das coisas. Para o Evangelho, o mais importante não é ser o primeiro, nem ter o melhor salário, ou obter maior reconhecimento....

Peça para o Pai lhe mostrar o que realmente é fundamental em sua vida. Você vai ficar surpreso ao descobrir que se trata de coisas simples às quais, quem sabe, nunca se importou de verdade.

Poucas coisas são necessárias para uma existência feliz. Espero que você faça as melhores escolhas.


Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br

DE QUAL “DEUS” VOCÊ ESTÁ FALANDO?


Para uns, “Deus” é uma força impessoal, uma energia emanada do cosmo ou da natureza, e basta você procurar os lugares e objetos de emanação para ficar cheio “Dele”.

Para outros, “Deus” é a natureza, são pessoas, e em algumas religiões ele é visto nas aves e nos animais. É a confusão entre Criador e criatura.

Os gregos tinham um panteão de “deuses” e para não ofender a nenhum que porventura tivessem esquecido, havia lá também um altar a um tal “deus desconhecido” (At 17.23).

Embora a caridade dignifique o homem e seja uma virtude desejável a todos, pois “Deus é amor” (1Jo 4.8), não podemos, entretanto, inverter a proposição. Em outras palavras: “amor não é Deus”.

Por conta dos meios midiáticos, tem crescido entre nossa gente a idéia de que “Deus” é uma espécie de gênio da lâmpada, pronto para ser “esfregado” e atender ao seu pedido.

Diante de tantos entendimentos contrários é bom saber de que “Deus” se está falando. Hoje há “deus” para todos os gostos, e todas as tribos urbanas tem o seu, criados na mente do homem à sua imagem e semelhança. Esses deuses não me interessam, e nada tem a ver com o Deus das Escrituras. Explico:

Eu não creria num Deus passivo, previsível, enquadrado, e que aceitasse barganhas dos fiéis toda vez que ouvisse o tilintar de moedas caindo no gazofilácio.

Não poderia crer jamais num Deus “pau mandado” que obedecesse a comandos de homens que determinam o que Ele precisa fazer.

Duvidaria sim, de um Deus que esquecesse milhões de famélicos descalços em algum canto perdido da África e do Haiti para abençoar uma elite de fiéis com um carro novo e reluzente, só porque lhe fizeram alguma espécie de sacrifício ou usaram as palavras “certas” em suas orações.

O Deus que eu deposito minha fé não faz milagres à “baciada” nem freqüenta os programas de TV que levam o Seu Nome. De igual modo também não creio que seja possível dissecar o Todo Poderoso sob a luz dos holofotes, e dizer quais são os seus desígnios, só porque um pastor, bispo ou apóstolo afirma que “conversou” a viva voz com Ele nesta manhã.

O Deus que eu confio não é um produto exposto nas prateleiras, ao qual se pega para resolver algumas questões mais urgentes, como se fosse um talismã. Ao contrário, Ele deseja ser conhecido pelos que o buscam com infinita paixão e amam a Sua Palavra.

Creio num Deus que surpreende. Ele se permite encontrar em meio aos louvores, nas preces, e nas reuniões que fazemos em seu Nome, mas é impossível tentar retê-lo aos quadrantes do templo. Seu Espírito é livre, e sopra onde quer, por isso se dá a conhecer também nos lugares mais improváveis. Querer vê-Lo apenas na igreja é fechar os olhos à Sua presença na vida.

Creio num Deus que está comigo, na minha dor, que entende minhas fraquezas e limitações, e reconhece a minha fé relutante, que continuamente suplica: “ajuda-me, Senhor, na minha falta de fé”. Aprendi, com o tempo, a aceitar que Ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e cair a chuva sobre quem merece e sobre quem não merece. Aliás, ninguém é merecedor, simplesmente Deus é bom, e isso independe de nossas ações.

O Deus que eu amo e prego atrai as pessoas por sua benevolência, pois “é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento” (Rm 2.4) – e não o medo do inferno. Ele tem sua morada na luz, mas pode se ocultar na escuridão, anda em meio à tempestade, afofa a cama do doente, habita no imponderável, e me diz que mesmo em meio às mais difíceis circunstâncias Ele tem o mundo em Suas mãos.

Deposito a fé num Deus capaz de reverter os maus desígnios do meu Adversário, transformando o mal em bem, pois “nenhum dos seus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2). Descanso na certeza que Ele anula todas as maldições imprecadas contra mim, e que não prevalece feitiço ou encantamento contra ninguém do seu povo (Nm 23.23).

Temo a um Deus que relativiza os diagnósticos médicos. Para Ele é indiferente se os exames dizem que se trata de um mal curável ou incurável, pois o Senhor do Universo está acima das categorias de “possível” ou “impossível” dos homens, simplesmente porque nada lhe é difícil: é Ele “que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela” (1Sm 2.6).

Sirvo a um Deus infinitamente maior que Aquele pregado pela igreja católica, pelos ortodoxos, protestantes ou pentecostais, simplesmente porque nenhum sistema religioso tem o pleno conhecimento de Sua mente, de Seus mistérios e de Sua Sabedoria, e nenhum grupo ou igreja possui a primazia do Seu Nome!


Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br