segunda-feira, 22 de junho de 2009

BIG brother, BRASIL?

Este artigo é parte de um texto que eu escrevi para um jornal da cidade de Cunha/SP.

As mídias trabalham com a “virtualidade” de cada fato, e se tratando de mídia televisiva, vários/as autores/as elaboram suas teses. Concordamos que hoje, a imagem editada (sempre escolhida a partir de um ideal subjetivo), vale muito mais do que o próprio fato em si. É a fascinação pela espetacularização do fato, que faz com que a “cena original” e seu significado objetivo sejam desprezados.

O fenômeno é complexo, mas, nunca na história a televisão foi tão "consumida" também para entretenimento. Informação + entretenimento + espetacularidade, nos embalos hodiernos, sob a égide do mercado, é uma coalizão com desdobramentos intensos e profundos: os feitos são maiores do que podemos registrar.

Surge então a problemática: o que significa “para a”, e “na” sociedade, o programa "BBB" exibido pela Rede Globo de Televisão, que tem o poder de mobilizar alto índice de telespectadores quando vai ao ar? Estamos falando do Big Brother Brasil.

Sobre isso, gostaria de pontuar duas coisas importantes:

1) O cotidiano é exacerbadamente mostrado como possibilidade de mercado. É interessante como o “BBB” tem o poder de atrair as atenções alterando profundamente nosso senso de privacidade. Isso não é gratuito. Somos estimulados a “bisbilhotar” a rotina de pessoas comuns, mas que são “celebratizadas” pela ênfase dada na estética dos “corpos que interagem”. Estudos comprovam que a “nudez” total, mais ainda a parcial, atrai os olhares de forma quase que hipnótica, pois estimulam instintos primitivos em nós. Apelos eróticos não faltam no “BBB”. Mas, qual é a intenção? Vender! Cada vez que, aparentemente sem propósito, ou que seja conscientemente em busca de diversão, ligamos a TV para assistirmos o “BBB”, estamos “consumindo” e conseqüentemente gerando lucro.

2) Manipulação à vista! A neutralidade não existe, há quem diga que ela é um mito. Fico estarrecido ao ver como o “jogo dinâmico” das câmeras; e a seleção de cada imagem, concernente o que vai ao ar naquele determinado momento; e até como as intervenções de Pedro Bial, são elementos concretos que têm o poder real de induzir à entrega do prêmio final: R$ 1 milhão. Temos a sensação de que estamos vendo o todo das histórias de cada pessoa, mas isso não é verdade. Estamos vendo o que “a equipe” que comanda câmeras e microfones quer que nós vejamos e ouçamos. Ou seja, vamos interagindo e votando conforme constantes induções, como que orientados/as pelo próprio programa a quem devemos premiar na grande final. Nossa empatia por cada participante é, quase que totalmente determinada e caracterizada, na medida em que câmeras e microfones nos servem aparentemente sem segundas intenções.

Não quero generalizar e divagar, mas objetividade e clareza são termos que ficam comprometidos num texto que precisa prezar pelos limites técnicos do artigo. No entanto, chamo sua atenção para o fato de que quase sempre, estamos sob a influência das tramas agradáveis, mas apelativas, estabelecidas nesse reality show que tem o aparente objetivo de ser um “magazine virtual”. Nós pagamos isso à duras penas, e em vários níveis. Olhe para dentro de sua própria casa, e perceba você mesmo/a como sua família reage à esses estímulos variados, e até reflete a assimilação de cada um deles no cotidiano.

Com o advento da TV nossas estruturas familiares foram profundamente alteradas, e mais recentemente, desde o primeiro Big Brother Brasil, nós já não somos mais os/as mesmos/as.

Abraços a tod@s.