“Mas, se estais sem correção...,
logo, sois bastardos e não filhos”(Hb 12.8)
É ponto fundamental na vida de um cristão maduro e sensato a capacidade que tem de admitir para si mesmo e para outros que ele é passível de ser corrigido.
Quem é corrigível percebe a todo o momento suas falhas, seus gestos impensados, suas palavras mal colocadas, e por isso se preocupa com a correção de rumo, e de mudança de postura diante da vida. Não é vergonha caminhar de um jeito durante certo tempo e, de repente, mudar. A própria conversão é isso: a correção de uma rota que dava para a morte.
Há, entretanto uma categoria de pessoas que resiste a repensar seus conceitos, a sua visão, e em colocar em xeque as suas verdades. Não estão dispostas a mudar, rever, ou a ouvir. Resistem a qualquer forma de correção. Estes são os incorrigíveis que tentam viver suas histórias alienados de Deus: seguem apenas seus impulsos e paixões. Não vivem bem, mas não aceitam uma exortação para mudança. Às vezes são polidos, não fazem afronta, mas mantêm uma atitude de presunção para com tudo o que se refere ao Eterno. Podem até dizer que crêem em Jesus, na bíblia, mas na prática continuam vivendo como querem. Para estes só há uma verdade: a deles próprios.
Mas, diante de Deus e de sua Palavra somos confrontados com nossos rumos. Quem não precisa de correção? De ser exortado? De aprender a ouvir? Quem não precisa aprender a humildade, a parar de murmurar, a agradecer a Deus em tudo? Quem não necessita ouvir falar do seu orgulho, ou de sua dureza de coração?
Ser corrigível é permitir-se ser tratável. Igreja é e sempre será um lugar de correção, pois Deus está tratando ali a cada um de seus filhos, enquanto grupo e enquanto indivíduos. E a sua Palavra é o instrumento primeiro dessa tarefa: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção” (2Tm 3.16). Talvez essa seja uma das razoes porque tantas pessoas se sentem levadas a repelir a idéia de fazer parte de uma igreja saudável. Percebem que se o fizerem, passarão a ser corrigidas por Deus.
Por outro lado, ser incorrigível é uma clara manifestação de um ego que pretende a onipotência. Ser incorrigível é dar vazão a um narcisismo que pode até mesmo se esconder sob a máscara de uma aparente bondade e retidão. O incorrigível é in-tratável, isto é, não aceita tratamento, exortação ou repreensão.
Ironicamente, é justamente entre os religiosos que às vezes nos deparamos com os corações mais duros, e as pessoas de mais difícil trato. No Antigo Testamento vemos Javé chamando homens do mundo “secular” para serem seus profetas junto ao povo, pois os sacerdotes insistiam em permanecer em seus erros. Escrevendo à igreja em Filipos, Paulo faz um apelo a duas mulheres, causadoras de intrigas, e quiçá turronas: “Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que pensem concordemente no Senhor” (Fp 4.2). O apóstolo passa um “pito” nelas publicamente, pois se mostraram passíveis de correção.
Recentemente um conhecido apóstolo midiático foi pego com a “mão na botija”, mas até hoje, ele só tem acusado as forças do Mal pelo seu revés. Nenhuma palavra em público suplicando a Deus: “Corrige-me Senhor”. Bem diferente agiu Davi quando errou: “Pequei contra Ti, contra ti somente” (Sl 51.4).
Reuniões, concílios ou assembléias fazem parte da vida de muitas igrejas. Não poucas vezes são ocasiões para palavras duras, ofensas, e demonstração de sectarismo. Ali, será muito improvável ouvir de alguém a confissão: “Temos pecado contra o Senhor”.
Ser cristão e ser incorrigível são coisas totalmente contraditórias, pois pressupõe-se que aquele que segue ao Mestre esteja disposto a renovar-se e a ceder a cada dia.
Por que o Senhor se agradou tanto de Davi, se ele foi um homem que cometeu inúmeros erros e pecados que até nos dias atuais produziriam escândalos? A minha resposta é que Davi era acima de tudo um homem tratável, corrigível e manso.
Por que é tão difícil ser tratável? Creio que se deve à dificuldade de abandonar certas posturas já cristalizadas. Acostumamos ao erro, acostumamos gritar e ofender toda vez que nos fazem mal, acostumamos a vingar... essas coisas fazem parte de nosso repertório, e poucos estão dispostos a se corrigir.
Todo incorrigível precisa destronar o seu eu, desfazer-se do seu egocentrismo, e reconhecer que carrega uma visão deturpada de si mesmo, vendo-se como justo e correto em suas intenções, só porque tem a fé “certa”. A fé até pode ser certa, mas a forma de vivenciá-la não.
Nunca é demais lembrar que Deus faz uma solene advertência aos que recusam a correção: “O homem que muitas vezes repreendido, endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura” (Pv 29.1).
E você, é corrigível?
Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br
logo, sois bastardos e não filhos”(Hb 12.8)
É ponto fundamental na vida de um cristão maduro e sensato a capacidade que tem de admitir para si mesmo e para outros que ele é passível de ser corrigido.
Quem é corrigível percebe a todo o momento suas falhas, seus gestos impensados, suas palavras mal colocadas, e por isso se preocupa com a correção de rumo, e de mudança de postura diante da vida. Não é vergonha caminhar de um jeito durante certo tempo e, de repente, mudar. A própria conversão é isso: a correção de uma rota que dava para a morte.
Há, entretanto uma categoria de pessoas que resiste a repensar seus conceitos, a sua visão, e em colocar em xeque as suas verdades. Não estão dispostas a mudar, rever, ou a ouvir. Resistem a qualquer forma de correção. Estes são os incorrigíveis que tentam viver suas histórias alienados de Deus: seguem apenas seus impulsos e paixões. Não vivem bem, mas não aceitam uma exortação para mudança. Às vezes são polidos, não fazem afronta, mas mantêm uma atitude de presunção para com tudo o que se refere ao Eterno. Podem até dizer que crêem em Jesus, na bíblia, mas na prática continuam vivendo como querem. Para estes só há uma verdade: a deles próprios.
Mas, diante de Deus e de sua Palavra somos confrontados com nossos rumos. Quem não precisa de correção? De ser exortado? De aprender a ouvir? Quem não precisa aprender a humildade, a parar de murmurar, a agradecer a Deus em tudo? Quem não necessita ouvir falar do seu orgulho, ou de sua dureza de coração?
Ser corrigível é permitir-se ser tratável. Igreja é e sempre será um lugar de correção, pois Deus está tratando ali a cada um de seus filhos, enquanto grupo e enquanto indivíduos. E a sua Palavra é o instrumento primeiro dessa tarefa: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção” (2Tm 3.16). Talvez essa seja uma das razoes porque tantas pessoas se sentem levadas a repelir a idéia de fazer parte de uma igreja saudável. Percebem que se o fizerem, passarão a ser corrigidas por Deus.
Por outro lado, ser incorrigível é uma clara manifestação de um ego que pretende a onipotência. Ser incorrigível é dar vazão a um narcisismo que pode até mesmo se esconder sob a máscara de uma aparente bondade e retidão. O incorrigível é in-tratável, isto é, não aceita tratamento, exortação ou repreensão.
Ironicamente, é justamente entre os religiosos que às vezes nos deparamos com os corações mais duros, e as pessoas de mais difícil trato. No Antigo Testamento vemos Javé chamando homens do mundo “secular” para serem seus profetas junto ao povo, pois os sacerdotes insistiam em permanecer em seus erros. Escrevendo à igreja em Filipos, Paulo faz um apelo a duas mulheres, causadoras de intrigas, e quiçá turronas: “Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que pensem concordemente no Senhor” (Fp 4.2). O apóstolo passa um “pito” nelas publicamente, pois se mostraram passíveis de correção.
Recentemente um conhecido apóstolo midiático foi pego com a “mão na botija”, mas até hoje, ele só tem acusado as forças do Mal pelo seu revés. Nenhuma palavra em público suplicando a Deus: “Corrige-me Senhor”. Bem diferente agiu Davi quando errou: “Pequei contra Ti, contra ti somente” (Sl 51.4).
Reuniões, concílios ou assembléias fazem parte da vida de muitas igrejas. Não poucas vezes são ocasiões para palavras duras, ofensas, e demonstração de sectarismo. Ali, será muito improvável ouvir de alguém a confissão: “Temos pecado contra o Senhor”.
Ser cristão e ser incorrigível são coisas totalmente contraditórias, pois pressupõe-se que aquele que segue ao Mestre esteja disposto a renovar-se e a ceder a cada dia.
Por que o Senhor se agradou tanto de Davi, se ele foi um homem que cometeu inúmeros erros e pecados que até nos dias atuais produziriam escândalos? A minha resposta é que Davi era acima de tudo um homem tratável, corrigível e manso.
Por que é tão difícil ser tratável? Creio que se deve à dificuldade de abandonar certas posturas já cristalizadas. Acostumamos ao erro, acostumamos gritar e ofender toda vez que nos fazem mal, acostumamos a vingar... essas coisas fazem parte de nosso repertório, e poucos estão dispostos a se corrigir.
Todo incorrigível precisa destronar o seu eu, desfazer-se do seu egocentrismo, e reconhecer que carrega uma visão deturpada de si mesmo, vendo-se como justo e correto em suas intenções, só porque tem a fé “certa”. A fé até pode ser certa, mas a forma de vivenciá-la não.
Nunca é demais lembrar que Deus faz uma solene advertência aos que recusam a correção: “O homem que muitas vezes repreendido, endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura” (Pv 29.1).
E você, é corrigível?
Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br