“Agora, pois, meu filho, ouve a minha voz; levanta-te, refugia-te na casa de Labão, meu irmão, em Harã, e demora-te com ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão; até que se desvie de ti a ira de teu irmão, e ele se esqueça do que lhe fizeste; então mandarei trazer-te de lá; por que seria eu desfilhada de vós ambos num só dia? E disse Rebeca a Isaque: Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar mulher dentre as filhas de Hete, tais como estas, dentre as filhas desta terra, para que viverei?” (Gn 27. 43-46).
Certa vez, participando de uma reunião de pais e mestres no colégio de um dos meus filhos, a orientadora pedagógica da escola deu-nos a xerox de um texto que foi lido por ela durante a reunião. Tratava-se do exemplo de vida que nós como pais estávamos levando aos nossos filhos. Uma das frases que mais me chamou a atenção no texto foi a de que somos o espelho no qual nossos filhos se miram e se vêem. Encerrava-se afirmando que quando deixamos de ser espelho nos tornamos vidraças expostas às pedradas que fatalmente serão lançadas contra nós.
Citamos acima o exemplo que Isac herdara de seu pai Abraão e que por sua vez passara aos filhos. Se podemos aplicar aqui a lei da semeadura, por certo, não tardaria para que o tempo da colheita se cumprisse também na casa de Isaque.
Um erro jamais poderá ser reparado com a prática de outro. Percebam que Isaque, mais uma vez, não chama Jacó para dissuadi-lo da fuga nem aconselhá-lo com respeito a seu irmão, mas orienta-o a partir para a casa de seu tio, endossando a solução encontrada por sua esposa Rebeca. Sua passividade em face de uma situação tão séria é por demais espantosa. Um filho jurara matar o outro! Isso não é pouco!
Filhos que não conhecem seus limites irão atropelar a todos, a começar dentro de casa. Vai-se a autoridade paterna quando não se mostram aos filhos seus limites bem definidos.
CONCLUSÃO:
“Vendo também Esaú que as filhas de Canaã eram más aos olhos de Isaque seu pai, foi-se Esaú a Ismael e, além das mulheres que já tinha, tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nebaiote” (Gn 28. 8-9).
Há muitas famílias enfrentando a “síndrome de Esaú” em nossos dias. É duro ter que admitir, mas muitos homens de Deus não exercem nenhuma autoridade sobre seus filhos porque, na verdade, nunca se mostraram muito presentes nos momentos mais simples da infância, na idade em que somos os heróis na vida de nossos filhos. A atitude de Esaú revela uma ação de vingança contra os pais porque nunca foram confrontados e mais uma vez não houve um concerto, mas o paliativo da fuga. Nada pode revelar mais uma fraqueza que a fuga. A fuga não soluciona o problema, mas encuba-o para apresentá-lo mais tarde, às vezes com maior intensidade.
“Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade. Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra” (Gn 11. 8-9).
A Torre de Babel na casa de Isaque atingira seu auge. A família começara a se espalhar. Jacó, mais uma vez orientado pela mãe, foge de casa para salvar sua vida. Esaú toma por esposa uma mulher contra a vontade dos pais e Rebeca fica lamentando com Isaque a sua sorte. Pronto, a família de Isaque estava totalmente separada. Uma grande “Torre de Babel” havia sido erguida, porém não é de torre que o Senhor se agrada, mas de altar, onde podemos consagrar nossas vidas e nossas famílias. Altar lembra sacrifício e tudo que era colocado no altar do Senhor era santificado. A melhor parte da história começa quando Jacó em sua fuga tem, em sonho, a visão da glória de Deus. Deus, agora, já não era somente o “Deus de Abraão” nem somente o “Deus de Isaque”, mas passou a ser também o “Deus de Jacó”.
“Ao acordar Jacó do seu sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia. E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus. Jacó levantou-se de manhã cedo, tomou a pedra que pusera debaixo da cabeça, e a pôs como coluna; e derramou-lhe azeite em cima. E chamou aquele lugar Betel; porém o nome da cidade antes era Luz” (Gn 28. 16-19).
É aqui onde a história começa a ser mudada. Jacó não seria mais um jovem que conhecia a Deus somente de ouvir falar. Agora ele tinha sua própria experiência com Deus e toma por si mesmo a decisão de servi-lo dali para frente. Aquela pedra, sobre a qual repousara a cabeça não foi colocada na “torre” da família, mas fora o primeiro altar sobre o qual Jacó colocou todos os seus anseios e suas preocupações:
“Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer e vestes para vestir, de modo que eu volte em paz à casa de meu pai, e se o Senhor for o meu Deus, então esta pedra que tenho posto como coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo” (Gn 28. 20-22).
Poderíamos continuar escrevendo muitas coisas sobre Jacó, desde sua chegada na casa de seu tio até sua saída regressando à sua terra de onde saíra, porém, façamos um hiato na história, recomeçando-a a partir de seu encontro com seu irmão Esaú. A “Torre de Babel” da casa de Isaque sofre, em toda sua existência, seu maior ataque demolidor; a força do perdão.
“Então Esaú correu-lhe ao encontro, abraçou-o, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou; e eles choraram” (Gn 33. 4).
Não há barreiras relacionais que não possam ruir pelo poder do perdão. Se tivessem aprendido antes a fazer uso dessa arma, de quanto desgosto poderiam ter sido poupados!
A Bíblia nos fornece uma informação precisa do que precisamos fazer para demolir as remanescentes “Torres de Babel” que persistem em muitas famílias: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição” (Ml 4. 5-6).
O Revmo. Bispo Paulo Lokmann em um de seus estudos, intitulado “A Terra está Doente” enviado aos pastores, retrata muito bem as grandes “Torres de Babel” que cada vez mais estão sendo edificadas em todos os setores de nossa sociedade. Mas é na família e na Igreja que esta obra tem encontrado o solo mais propício. Não podemos deixar que ela se erga e nos separe, antes, porém, lancemos nossos ataques contra ela. As armas da nossa milícia não são terrenas, mas espirituais. Nossa igreja e nossa família se tornarão indestrutíveis quando o coração de um membro estiver voltado para o outro, quando aprendermos que as coisas não se resolvem com disputas, com fugas nem com ataques às lideranças, criando facções, mas a partir do diálogo e do perdão. Quando atingirmos este alvo teremos demolido nossas “Torres de Babel”. Lancemos mãos às armas e tomemos o propósito de defender nossas famílias, colocando-as no altar do Senhor. Altar é lugar de sacrifício! Saibamos, porém, que todo sacrifício tem seu preço, mas, nada que supere o valor que devemos atribuir às nossas famílias!
Que o Senhor nos ajude!
Pr. Antônio Luiz de F.
Um comentário:
Cara, me mande um e-mail que explico direitinho como postar vídeos no blog. Não é nada complicado!
Big abraço
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