sexta-feira, 10 de outubro de 2008

DEUS: o transcendente em parte revelado



Fico olhando ao meu redor, e encantado, percebendo duas coisas essenciais: a sutileza de cada uma das coisas que carregam as mais singelas expressões de Deus e a transitoriedade da vida.

Não compactuo com as teses panteístas, [panenteístas?] não é sobre isso que eu gostaria de falar. O que eu quero é utilizar-me daquilo que os seres humanos dizem ser Deus, como são frágeis e quase que contraditórias as características sob as quais de alguma forma bricolamos para constituir a "face de Deus". A tentativa de imagetizar é o esforço para a “visualização” do que seria "o verdadeiro Deus". Acho que o denominacionalismo presente hoje caricaturiza bem isso que eu quero dizer. Triste é que Deus fica refém dos pincéis de cada uma das denominações. Cada um(a) pinta Deus nas telas da vida eclesiástica, o que influencia diretamente o cotidiano, de acordo com sua cosmologia por exemplo, contexto ... etc. São tantos os detalhes que tentam aprisionar de alguma maneira a verdadeira fisionomia de Deus ... e Deus vai ficando refém (ou pelo menos pensamos que sim) ... também do humor das pessoas, das filosofias, ideologias pessoais, e coisas assim. Um Deus muito particularizado e personalizado, adequado aos dogmas (desejos) de cada pessoa-instituição.

Em contrapartida, vejo os seres humanos constantemente se surpreendendo emuitos se furstrando. A cada dia que se passa descobrem uma outra característica de Deus, e que quase sempre rompe com a antiga “fisionomia divinizada do Deus pintado” – Deus nos dá a oportunidade, o privilégio, da surpresa. A cada dia Ele mesmo nos mostra o quanto somos pequenos diante de sua criação, diante de sua majestade.

Uns dizem: Deus não existe !! Outros dizem: agora descobrimos Deus !! E outros ainda se denominam: "caçadores de Deus”, e outros mais absolutistas disem que: “Deus é!”, como se já tivessem conquistado "o Deus caçado [dos caçadores de Deus]". Sinceramente não sei mensurar o tamanho do vazio presente em cada uma dessas afirmações. Prefiro ficar com as afirmações de fé da Bíblia: “em parte conhecemos ....”. O Deus que nos surpreende é belo, não se deixa capturar, o Jó da Bíblia aprendeu isso dialogando com Ele, com o transcendente.

Que tal se hoje parássemos para refletir sobre como são frágeis as nossas afirmações, aquelas que absolutizadas acabam por reprimir e construir estruturas tão transitórias e portanto frustrantes - geradoras de esquizofrenia. Talvez refletindo possamos nos tornar mais humanos, responsáveis pelos nossos próprios atos, mais humildes em reconhecer nossas faltas. Erramos tanto quanto qualquer um outro ser humano erra. Deveríamos idolatrar menos “a imagem” do Deus que os humanos criaram em seus processos institucionalizadores, imaginário, nisso consiste o grande pecado. Deveríamos estar abertos ao Deus que é amor e nos chama ao compromisso com a nossa humanidade, ao cuidado com a vida.

Fico pensando o quanto ainda iremos nos surpreender, e outros se frustrar. Que no fim de tudo, ou pelo menos quando ele chegar para cada um de nós (o fim), tenhamos a oportunidade de descansar em paz nos braços desse Deus: infinito e transcendente, ainda em parte revelado, que nos convida à vida eterna, à plenitude dos tempos.

Esse é o meu desejo, mas também não saberia quantificar o tamanho do vazio presente nesse texto, então, o que me resta senão viver. Uns dizem ele se vitimiza e se utiliza da dialética (criada pelo demômio) para as relativizações .. eu diria que não .. eu diria que eu penso sobre cada detalhe, eu vivo os detalhes.

O que me resta? Olhar para trás para viver bem o presente, e lançar-me ao futuro esperançoso de que dias melhores virão ... porque "O que era" (em parte) será plenamente revelado.

Abraços amigos.

7 comentários:

Tamara Queiroz disse...

Como somos semelhantes. Em parte tambem somos revelado e transcendentes.

Eu estou em Deus. E Deus esta em eu.

B-joletas violetas e muitissimo agradecida pela honra da sua visita e link do blog.

Ate!

Janete Cardoso disse...

Olá! :)

Tenho percebido o quanto os homens distorcem a imagem de Deus, segundo os próprios interesses...
O ávaro vai buscar a teologia da prosperidade financeira, o depravado vai defender uma graça totalmente sem renúncia, o arrogante vai se dizer escolhido, enfim.
Para mim, Deus se revela como um pai amoroso e disponível para responder minhas questões e mostrar o caminho. Procuro ser uma filha aprovada, que busca intimidade com Ele.
Penso que nossa condição não suportaria conhecê-lo plenamente, por isso Ele se revela aos poucos, conforme o buscamos com sinceridade.

Gostei muito do seu blog e voltarei sempre!
Abração

Anônimo disse...

É verdade Tamara, Deus nos permitiu a imagem e semelhança quando nos criou.

Inclusive, acho que hoje existe uma grande crise instalada no ser humano sobre quanto o já revelado é ainda transcendente. Dois extremos são perigosos: me ver divino demais, ou humano demais. Acho que isso reflete o desequilíbrio da imagem e semelhança de Deus em nós - desequilíbrio que nós mesmos aos poucos vamos alimentando de alguma forma.

Acho que deveríamos resgatar o salugênico da imagem e semelhança de Deus em nós.

Anônimo disse...

A propósito Tamara, eu me esqueci de comentar no outro, também agradeço muito a sua visita no blog.

Abração.

Anônimo disse...

Ok Janete Cardoso, agradeço o seu comentário e a sua visita ao blog, será um prazer ter sempre você por aqui.

Abração.

Eduardo Vaz disse...

CARO AMIGO,
GOSTEI DEMAIS DO QUE VC POSTOU NO BLOG DO PAVARINI, SOBRE SEXUALIDADE NA IGREJA...CONCORDO QUE UMA CRITICA PODE LEVANTAR OUTROS PONTOS DE VISTAS, E QUE ISSO DEVERIA SER ENCARADO SEM BRINCADEIRAS...

Anônimo disse...

Olá, ALF! Gostei da reflexão à qual o texto nos leva! Reproduzi-o no Mural na Net.

Té+ !