quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Por que a presunção absolutista de alguns dos adeptos da fé reformada? (PARTE II).

Certamente quero fugir de generalizações no texto que segue, e o título dá pistas sobre isso. Também não quero ferir ninguém em seus preceitos de vida, quaisquer que sejam eles: Cada um tem o seu.


Religiosidade Salugênica X Religiosidade patogênica

Mesmo que eu não queira ser cansativo, e muito menos taxativo (...)

Tenho tido algumas experiências interesantes com alguns colegas que seguem os preceitos da fé reformada. Embora eu não acredito que existam ainda hoje, calvinistas, e/ou literalmente reformados; metodistas; batistas; presbiterianos, etc., tal como aconteceu efetivamente na origem desses movimentos. Diga-se de passagen: O "fiel" também é uma utopia (mas deixemos isso para um outro diálogo). Esses movimentos terminaram, pelo menos tal como começaram - "o original" - logo deixaram de existir, e o que se preserva, que muitas vezes se chama de "continuidade" do movimento, já transformado em insituição, é uma imensa distorção do original.
Eu não comungo com tais idéias, mas vale citar à título de conhecimento, por exemplo: Nietzsche e Bultmann dizem que o que nós seguimos hoje é a religião de Paulo e não o Evangelho apregoado por Jesus de Nazaré. É uma opinião (!!).

Voltando. As distorções são compreensíveis, especialmente num mundo com tantas variações e a guinada do racionalismo no século XVIII - são compreensíveis uma vez que, na medida em que se questiona determinada "idéia-teoria", calvinista por exemplo, novas argumentações são exigidas, inclusive bíblicas, e o que acontece são os famosos "remendos de teorias" - buscando sempre uma argumentação lógica e coerente com o presente que se vive (contexto), ainda que ela não exista. A partir de então, uma cadeia de axiomas vai sendo construída, até que o discurso passa ser tão pretensamente lógico, embora desoriginal, que tem-se como regra de fé o pensamento, o etéreo (mundo das idéias); e não a vida (mundo real).
Visitamos e revisitamos a era patrística, e os reformadores, para afirmarmos nossos dogmas, para delimitar quem são os errados, onde se estabelece o caos; e assim firmamos nossa identidade religiosa. Mas nem nos damos conta, que se considerarmos nosso contexto hoje, e eticamente olharmos para a vida, muitas vezes acabamos nos valendo de argumentos anacrônicos, e na maioria das vezes de pouca valia, uma vez que não falam para nossa contempoaneidade. A "Palavra de Deus" se renova, a de calvino e Agostinho não. Podemos aprender com eles? Lógico que sim, mas não deveria ser nossa regra de fé; pior ainda se quisermos fazer das nossas verdades calvinistas, ou agostinianas, dentre outras, uma regra de fé - verdade - universal.
Na minha opinião tais correntes tiveram endereço na história, e tiveram contexto. Infelizmente é impossível preservarmos essa ou aquela doutrina em sua originalidade e mais, em sua integralidade. Isso quer dizer que ninguém pode dizer que é "isso" ou "aquilo", a menos que se reconheça totalmente influenciado pelo seu contexto cultural, ideológico próprio, e considere isso já como uma deturpação (resignificação hermenêutica??) do original. Sua bagagem teórica, suas lentes de leitura - tudo isso voga. Pureza e neutralidade não existe nas questão do denominacionalismo (partidarismo).

Voltando aos colegas reformados: Na caminhada vamos observando algumas coisas, e o interessante é que determinadas características específicas se repetem em cada um deles. Como um código genético - um padrão". Pode ser que determinados aspectos se manifestem de formas diferentes, porque são pessoas diferentes, mas a verdade é que a essência está lá - latente - modificando o sujeito, mexendo nas estruturas da psique desse, e porque não dizer que são modificações diretamente patogênicas quando consideramos o âmbito da religiosidade humana e o campo de inter-relação entre indivíduos. Isso é visível.

Mas .... por que falar em religiosidade patogênica?
*** (Segue na parte III) ***

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