quinta-feira, 19 de março de 2009
Simplesmente Extravagante
Como eu postei um artigo sobre "extravagância", segue mais esse, talvez com uma perspectiva um pouco diferente por parte da autora. Vale considerarmos a reflexão para nossas tantas sínteses
Texto Lucas 7.36-50
Jesus estava em Naim. E, um dado interessante é que os fariseus apesar de não reconhecer Jesus como o verdadeiro Messias, Simão, que era um fariseu chamou(Kaleo) Jesus com um propósito. A Bíblia não nos relata qual era esse propósito. A mulher a quem o texto se reporta é uma “gune”: referindo-se a qualquer mulher adulta. Os poucos dados que o texto nos fornece sobre a identidade dela: ela era da cidade e era pecadora.
Essa mulher nos deixou um dado dobre o “estar com o Mestre”.
Gostaria de esclarecer que a ênfase do texto pode ser histórico-social, no sentido de enfatizar a tensão entre Jesus e os fariseus, dentre outras. Mas o texto nos relata, e eu não posso deixar de avaliar, o significado da atitude daquela mulher que compõe “o quadro geral”. Essa mulher é o símbolo do “estar aos pés do Mestre”, e parece que, o texto nos revela uma forma um tanto quanto extravagante. O que o texto nos mostra é uma atitude intensa, e praticada de forma singela, simples. Tudo quanto ela fazia, fazia com tanta intensidade e verdade que chocou os fariseus presente na casa de Simão, e nos choca hoje. Fico imaginando uma cena assim bem no altar de nossas Igrejas, e como desdobramento o agir dos fariseus.
● Dados no texto que devem ser considerados:
a. A mulher “levou” (Komizo/ raiz de Komeo – Guardou para trazer) o alabastro. Alabastro é o nome de uma pedra – uma espécie de mármore branco de um belo polido. Os antigos consideravam que o alabastro era o melhor material para se preservar seus ungüentos. Provavelmente o ungüento era mirra (cheiro forte, amargo – seco - extraída da madeira).
b. Estava por detrás – ela não queria ser vista, o próprio verbo no original, tem a ver com enxergar. Ela provavelmente não se achava digna de estar diante de Jesus Cristo. Não queria ser enxergada. Estar aos pés de Jesus, conforme tradição do Oriente, pode significar que ela estava dizendo que queria ser uma discípula – no sentido de ouvir uma instrução de seu mestre; ou ainda, que estava “derrotada” diante do seu senhor – precisando de urgente auxílio;
● Enfatizando as atitudes da mulher:
1) “Chorava” - provavelmente enlutada por algum trauma sofrido (klaio) – chorava em voz alta; chorava como uma criança; A expressão usada no original é que ela “comia” os pés de Jesus com seus cabelos para enxugá-los. Talvez isso denote a intensidade do ato daquela mulher;
2) “Beijava” várias vezes (kataphileo) - ternamente, com respeito, e gostando do que estava fazendo;
3) “Ungia” (aleipho) uma palavra comum, mundana para ungir. Em atitude simples. Diferente de chrio – palavra sagrada e religiosa para ungir.
Hoje parece que vivemos na sociedade da exacerbações, quase tudo é muito intenso – nossas emoções estão quase sempre à flor da pele, não é verdade!? Isso reflete diretamente dentro da Igreja. Os jovens, ou para os de quaisquer que seja a idade, mas especialmente eles, acabam optando por um “estilo extravagante de estar com o Mestre” – por vários motivos. Nossa postura é quase sempre de crítica aos excessos. E eu acho que devemos ensinar mesmo, de verdade! Pastorear os que se orientam de forma incoerente. Mas a verdade é que precisamos experimentar também o que essa mulher experimentou – o perdão de seus pecados. Não existe uma “via-de-regra”, um padrão a ser seguido.
Não existe uma fórmula certa para “estar com Deus”, mas algumas indicações bíblicas, especialmente essa nos esclarece que: diante de Jesus precisamos nos entregar por inteiro, por completo, inclusive nossas formalidades. Diante de Deus devemos transcender nossos conceitos de certo e errado, feio e bonito, doutrinal e não-doutrinal - e nos entregarmos a ele, e somente a ele.
Marla
Teóloga Feminista
SP
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