terça-feira, 22 de dezembro de 2009

TEMPO DE ANUNCAR

Por Rev. Antônio Luiz de Freitas

"Está escrito na lei: Por homens de outras línguas e por lábios de estrangeiros falarei a este povo; e nem assim me ouvirão, diz o Senhor" (I Coríntios 14. 21)

Dentre as coisas mais difíceis para todo ser humano está a mudança de hábito. A força de um hábito adquirido leva as pessoas a agirem de forma mecânica e instintiva. Isto também pode estar ligado aos paradigmas e às crenças que herdamos de nossos antepassados pelas coisas que ouvimos e que vamos absorvendo em pequenas doses diárias tornando-se a "nossa verdade".

Muitas pessoas têm dificuldades tremendas em relação ao evangelho porque, em grande parte, o que receberam foi algo distorcido e, por vezes, mesclado com práticas destituídas da verdade. Há um provérbio popular que afirma que "quem conta um conto sempre aumenta um ponto".

Parece-me que Deus quis preservar-se deste perigo delegando aos próprios anjos a anunciação dos eventos mais importantes da história. No que tange ao Messias, o Cristo, sem fazer alusão ao AT, o "Ministério da Comunicação Celeste" entra em ação começando pelo anúncio do precursor a Zacarias (Cf. Lc 1. 1-20) e depois à própria Maria (Cf. Lc 1. 26-37). Mais tarde, o nascimento de Jesus foi também anunciado por anjos aos pastores que guardavam seus rebanhos na vigília da noite (Cf. Lc 2. 8-15). Depois de cumprido seu ministério terreno e haver consumado na cruz o plano de salvação, mais uma vez iremos encontrar a figura do anjo anunciando sua ressurreição (Cf. Mt 28. 1-8).

Temos que admitir que de todas as religiões que se propõem aproximar o ser humano de Deus o cristianismo é a mais difícil de ser entendida porque caminha na contramão da lógica humana: Concepção virginal, sem a participação do homem; A cruz, símbolo de maldição, que toma a forma de redenção; o sangue humano que contaminava os judeus torna-se o elemento purificador; a ressurreição, algo inadmissível para os gregos torna-se a razão da nossa esperança; a graça de Deus que chega a ser "escandalosa", conforme descreve Phillip Yansey em seu livro Maravilhosa Graça. Enfim, não há como nos dispor a anunciar este evangelho sem esperar resistência, porém, é impossível, mesmo aos mais descrentes, omitir o evento mais importante de todos os tempos: o nascimento de Jesus que dividiu a história em duas partes; antes e depois de Cristo! Nossos primeiros irmãos enfrentaram até à morte as mais cruéis perseguições por causa do amor a Cristo e assim a Igreja do Senhor, espalhada por todo o mundo, seguiu anunciando o evangelho, escrevendo a sua história. O Livro de Atos dos Apóstolos termina de forma muito diferente dos demais livros do NT. Nele não há uma saudação nem uma bênção final. É um livro que vai continuar sendo escrito pela Igreja enquanto estiver na terra e cada cristão é um personagem desta história. Gosto de me imaginar no lugar de algum dos antigos cristãos perguntando-me a qual deles mais me assemelho: João Batista; Herodes; Barnabé; Ananias e Safira; Filipe; Estevão; Pedro; Paulo; João; (...)? O marco histórico do nascimento de Jesus não deixa ninguém fora desta história. O mundo tornou-se um grande palco onde se desenrola este enredo. O que irá fazer a grande diferença é o papel que nos dispomos a desempenhar!

Em tempo de advento somos chamados não apenas a esperar, mas também a anunciar. "Mas também, se padecerdes por amor da justiça, bem-aventurados sereis; e não temais as suas ameaças, nem vos turbeis; antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós" (I Pd 3. 14-15).

Feliz Natal e um grande abraço do menor de todos os vossos conservos no Senhor Jesus. Aguardando a sua volta, sou,



PRALF/14/12/2009.

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