quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

DE QUAL “DEUS” VOCÊ ESTÁ FALANDO?


Para uns, “Deus” é uma força impessoal, uma energia emanada do cosmo ou da natureza, e basta você procurar os lugares e objetos de emanação para ficar cheio “Dele”.

Para outros, “Deus” é a natureza, são pessoas, e em algumas religiões ele é visto nas aves e nos animais. É a confusão entre Criador e criatura.

Os gregos tinham um panteão de “deuses” e para não ofender a nenhum que porventura tivessem esquecido, havia lá também um altar a um tal “deus desconhecido” (At 17.23).

Embora a caridade dignifique o homem e seja uma virtude desejável a todos, pois “Deus é amor” (1Jo 4.8), não podemos, entretanto, inverter a proposição. Em outras palavras: “amor não é Deus”.

Por conta dos meios midiáticos, tem crescido entre nossa gente a idéia de que “Deus” é uma espécie de gênio da lâmpada, pronto para ser “esfregado” e atender ao seu pedido.

Diante de tantos entendimentos contrários é bom saber de que “Deus” se está falando. Hoje há “deus” para todos os gostos, e todas as tribos urbanas tem o seu, criados na mente do homem à sua imagem e semelhança. Esses deuses não me interessam, e nada tem a ver com o Deus das Escrituras. Explico:

Eu não creria num Deus passivo, previsível, enquadrado, e que aceitasse barganhas dos fiéis toda vez que ouvisse o tilintar de moedas caindo no gazofilácio.

Não poderia crer jamais num Deus “pau mandado” que obedecesse a comandos de homens que determinam o que Ele precisa fazer.

Duvidaria sim, de um Deus que esquecesse milhões de famélicos descalços em algum canto perdido da África e do Haiti para abençoar uma elite de fiéis com um carro novo e reluzente, só porque lhe fizeram alguma espécie de sacrifício ou usaram as palavras “certas” em suas orações.

O Deus que eu deposito minha fé não faz milagres à “baciada” nem freqüenta os programas de TV que levam o Seu Nome. De igual modo também não creio que seja possível dissecar o Todo Poderoso sob a luz dos holofotes, e dizer quais são os seus desígnios, só porque um pastor, bispo ou apóstolo afirma que “conversou” a viva voz com Ele nesta manhã.

O Deus que eu confio não é um produto exposto nas prateleiras, ao qual se pega para resolver algumas questões mais urgentes, como se fosse um talismã. Ao contrário, Ele deseja ser conhecido pelos que o buscam com infinita paixão e amam a Sua Palavra.

Creio num Deus que surpreende. Ele se permite encontrar em meio aos louvores, nas preces, e nas reuniões que fazemos em seu Nome, mas é impossível tentar retê-lo aos quadrantes do templo. Seu Espírito é livre, e sopra onde quer, por isso se dá a conhecer também nos lugares mais improváveis. Querer vê-Lo apenas na igreja é fechar os olhos à Sua presença na vida.

Creio num Deus que está comigo, na minha dor, que entende minhas fraquezas e limitações, e reconhece a minha fé relutante, que continuamente suplica: “ajuda-me, Senhor, na minha falta de fé”. Aprendi, com o tempo, a aceitar que Ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e cair a chuva sobre quem merece e sobre quem não merece. Aliás, ninguém é merecedor, simplesmente Deus é bom, e isso independe de nossas ações.

O Deus que eu amo e prego atrai as pessoas por sua benevolência, pois “é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento” (Rm 2.4) – e não o medo do inferno. Ele tem sua morada na luz, mas pode se ocultar na escuridão, anda em meio à tempestade, afofa a cama do doente, habita no imponderável, e me diz que mesmo em meio às mais difíceis circunstâncias Ele tem o mundo em Suas mãos.

Deposito a fé num Deus capaz de reverter os maus desígnios do meu Adversário, transformando o mal em bem, pois “nenhum dos seus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2). Descanso na certeza que Ele anula todas as maldições imprecadas contra mim, e que não prevalece feitiço ou encantamento contra ninguém do seu povo (Nm 23.23).

Temo a um Deus que relativiza os diagnósticos médicos. Para Ele é indiferente se os exames dizem que se trata de um mal curável ou incurável, pois o Senhor do Universo está acima das categorias de “possível” ou “impossível” dos homens, simplesmente porque nada lhe é difícil: é Ele “que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela” (1Sm 2.6).

Sirvo a um Deus infinitamente maior que Aquele pregado pela igreja católica, pelos ortodoxos, protestantes ou pentecostais, simplesmente porque nenhum sistema religioso tem o pleno conhecimento de Sua mente, de Seus mistérios e de Sua Sabedoria, e nenhum grupo ou igreja possui a primazia do Seu Nome!


Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br

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