segunda-feira, 16 de março de 2009

VIDA EXTRAVAGANTE

Esta é uma geração de cristãos que tem buscado novas formas de espiritualidade, novos modelos de culto e se preocupado em descobrir novas maneiras de adorar ao Eterno. Nessa busca, surgiu há alguns anos um movimento que ficou conhecido como “adoração extravagante”, uma tendência que abandona os padrões formais, e busca maior liberdade e espontaneidade.

Confesso que nunca experimentei nada novo em matéria de adoração, nunca me esparramei pelo chão, não tive arrebatamentos que me levassem ao terceiro céu, e não consigo repetir dezenas de vezes o mesmo refrão de um cântico. Mas eu sei que para Deus, adoração, antes de mais nada, é vida, e dela não pode estar separada.

Numa recente entrevista, o pastor e escritor na área de vida cristã, Eugene Peterson, disse que as pessoas que mais o incomodam são aquelas que chegam e perguntam o que elas têm de fazer para ser “mais espirituais”. E ele lhes responde: - “Esqueça esse negócio de ser espiritual. Que tal amar seu marido? Isso é um bom começo”. Porém, ele conclui desalentado: “Mas ninguém quer ouvir isso. Ninguém quer pensar em aprender a amar os filhos e aceitá-los do jeito que são”.

Espiritualidade no sentido bíblico nada tem a ver com uma forma diferente de orar, nem em ser batizado com a água de um determinado rio, nem ouvir o sonido do “shofar”, buscar êxtases, ou ser um asceta no mundo.

Desejas realmente agradar ao Único Senhor em tudo, e partilhar de Sua verdade aos homens? Buscas de fato uma “espiritualidade” que agrade profundamente ao Rei de toda a Terra? Anseias por alcançar aquilo que é chamado por muitos, de intimidade com Deus? Eis aqui alguns apontamentos que podem ser úteis nesse propósito:

Em primeiro lugar, ama extravagantemente. Ama sem esperar reciprocidade. Ainda que tenhas dons extraordinários, nunca te esqueças que é pelo amor e através do amor que o mundo olhará para ti como um autêntico discípulo de Jesus.

Perdoa sem reservas. Lembra-te que um dia fostes um devedor que não tinha como saldar uma dívida impagável, mas Jesus foi e a rasgou na cruz. E ainda o recebeu com teus defeitos e pecados.

Confessa-te pecador! Reconheça que em ti não reside bem algum, e se porventura enxergarem algo bom em sua vida, declare sem pestanejar que isso é integralmente obra do Espírito Santo.

Delicia-te com o fato de, mesmo pobre e desprezível aos olhos do mundo, ser possuidor da maior honraria que uma pessoa pode receber: ser chamada de filho de Deus.

Apazigua o teu coração na maravilhosa Graça divina, pois através dela não há nada que você possa fazer para ser mais amado pelo Eterno, e mesmo diante dos teus erros Ele continua a amá-lo de igual modo.

Lambuza-te com a Palavra, coma-a prazerosamente e sem prevenção. Digira em tuas entranhas esse santo maná e deixa-a manifestar-se nos teus membros na forma de uma vida em tudo agradável a Deus.

Conspira tenazmente contra toda forma de injustiça. Não te submetas aos dominadores, e não te cales diante dos poderosos.

Oferta generosamente! Não porque tema que “gafanhotos” saltarão das páginas do Antigo Testamento para assombrar tua vida, mas porque possuis em ti o espírito do Evangelho que considera tudo pertencente ao Pai. Por isso, ofereça a Deus, despojadamente, tudo o que és.

Rejeita qualquer forma de discriminação. Pratica o amor inclusivo de Jesus e seja como o servo que sai pelas ruas e becos da cidade trazendo os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos” (Lc 14.21) para que a Casa do Pai fique cheia. E Ele se alegrará em ti.

Confronta destemidamente os pregadores da prosperidade, os enganadores dos simples, e os que pensam ser alguma coisa, e nada são. Desmascara-os publicamente e não temas se disserem: “não toqueis o ungido do Senhor”. Lembra-te: és tu que verdadeiramente tem a unção do Alto, não eles.

Depois de tudo isso, (e somente depois), já não importará mais a forma da tua adoração, não importará se ajoelhas, se levanta as mãos, se entoa canções audíveis ou apenas balbucia trechos bíblicos quase inaudíveis, se balanças suavemente o teu corpo ao ritmo da música, ou se permaneces imóvel como que vendo o Invisível... sim, vá em paz, o Eterno já aceitou a adoração da tua vida, antes mesmo que adentrasses o templo do Senhor.


Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br

quarta-feira, 11 de março de 2009

Gênesis ...


O problema surge, portanto, quando se pretende dar ao "mito" do Gênesis um significado singular, histórico, a fim de jusificar a expiação e estabelecer, assim, um paraleleo entre a queda mítica da humanidade e a sua "restauração" histórica. Para Jung, o mito exprime a consciência coletiva da raça humana; essa experiência é ancestral e presente na história grupal; por isso memso o mito não pode ser tratado como simples fato histórico.


KEELING, Michael. Fundamentos da Ética Cristã. Tradução de Aharon Sapsezian.176p.

domingo, 1 de março de 2009

Cúmulo da Heresia ou só Um Jeito Diferente de Interpretar?

Esse texto eu recebi por e-mail, a pessoa não quis se identificar, mas pediu que eu postasse no blog. Aí está (O título é meu):




O livro do Gênesis nos mostra a preciosidade da criação de Deus, bem como o processo pelo qual Deus interfere positivamente na história em favor do ser humano.

Fico imaginando, com minhas idéias edificadas pelos embalos de uma modernidade tardia – e isso precisa estar claro - , a monotonia do Jardim, e conseqüentemente o desfecho que teria o casal Adão e Eva se Deus não entrasse com uma providência permitindo o desequilíbrio.

Tudo estava em perfeita harmonia no cosmos, tudo mesmo! Toda criação vivia harmonicamente de forma tal a se completar e a fechar o seu ciclo determinado por ela mesma. Até que essa cadeia de “normalidade engendrada” é quebrada quando entra o desequilíbrio no cosmos. Quebra-se o ciclo vital.

A serpente possuída representa o desequilíbrio da natureza, e o possuidor da serpente a causa de todo stress que resulta na quebra do ciclo normal das coisas. A ação potencializada do invisível decaído é o stress. Deus então, só agora, o “permiti-dor” da vida, ordena que o desequilíbrio esteja instalado nas primícias da criação, humanidade: homem trabalhe para comer, e isso te será por enfadonho; a mulher sentirá dores para gerar; e a serpente estará todos os dias entre o casal e famílias da terra. Por que isso? Deus recriou o ciclo da vida, permitindo a potencialização do stress, para que a humanidade não padecesse em seus mecanismos monótonos cruéis.

Sem stress nós humanos não vivemos, isso as ciências humanas explicam. O segredo é dominá-lo e não deixar que ele seja maior do que nós. Quem se guia pelo stress morre de ausência de sentido tanto quanto quem vive sem um pouquinho dele. Deus é a força humana de resistência ao niilismo, força essa que nos impulsiona à utopia (diferente de demência e de delírio) saudável da concretização do paraíso, seja ele onde for; mas certamente é o local (geográfico? Será?) onde todo stress será dominado.

Anônimo.

Gaza e as lições que aprendi

No Ceará a gente considera indigno bater em bêbado. Reajo tempestivamente ao genocídio palestino. Minhas vísceras se contorcem quando vejo uma criança mutilada por estilhaços. Sinto-me culpado porque durmo seguro. Revolto-me com a minha impotência. Não me conformo por ser insignificante. Alucino angustiado de não ter cacife político para gritar, Basta.

Como é que se bombardeia uma população indefesa, sem exército e sem lugar para se esconder? Não entendo o cinismo de uma nação que antes de despejar bombas manda o povo fugir. Mas fugir para onde? As fronteiras foram seladas, não existem abrigos, bunkers ou refúgios. A carnificina é pavorosa.

Para mim, essa guerra não passa de uma limpeza étnica. Humilhando o povo palestino até o pó, quebrando a coluna dorsal da sua identidade, Israel espera que eles parem de apurrinhar. Se a causa de Israel é nobre, por que a imprensa internacional está proibida de noticiar os acontecimentos?Mas mesmo horrorizado, tenho aprendido. Esses eventos tenebrosos me levaram a admitir que já não leio a Bíblia com as mesmas lentes. Abandonei a idéia de que os massacres do Antigo Testamento foram ordens divinas. Entendo que os genocídios relatados na Bíblia foram cometidos com as mesmas motivações políticas, com os mesmos interesses econômicos e com ambições nacionalistas iguais as atuais, mas atribuidos a um deus guerreiro. Não aceito que os "propósitos" divinos para o futuro estejam conectados à política militarista de Israel. Arrependo-me de ter, um dia, pregado que "Israel é o relógio de Deus" para o fim dos tempos.

Pretendo ser um discípulo de Jesus e quero crescer em meu pacifismo. Acredito que Jesus Cristo encarnou a plenitude da Divindade. Para mim as bem-aventuranças do Sermão do Monte são balizas para comportamentos individuais e decisões nacionais. Não aceito revides e vingança. Permaneço fiel à declaração de que Jesus é o príncipe da paz.

Por Ricardo Gondim.
Soli Deo Gloria.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O POVO GOSTA! Pronto: está no altar!! [grifo meu]


“...com a boca professam muito amor,
mas o coração só ambiciona lucro” (Ez 33.31)
Espera-se que empresários, publicitários e comerciantes, possuam um faro apurado para descobrir o que apetece o gosto da clientela. Faz parte do “tino” comercial. Há muitas coisas que o povo gosta, e pode lucrar quem percebe o gosto popular. Foi uma longa sucessão de erros e acertos que permitiu à Coca-Cola encontrar a fórmula ideal que agradasse totalmente a seus consumidores, levando-os hoje a comprar milhões de unidades anualmente em todo o mundo.

Descobrir a preferência popular também tem sido a preocupação de líderes, pastores e ministérios que levam o nome de Jesus. O problema aqui não é o sucesso que eles obtêm, mas o fato de terem adaptado a fórmula (leia-se: Evangelho), ao gosto popular. O que o povo gosta? Então é isso que será oferecido: às favas a ética, a fidelidade à Palavra, os ensinamentos de Cristo, as doutrinas neotestamentárias, ou a Verdade... o que importa é que o povo seja um consumidor satisfeito e feliz.

Vejamos algumas estratégias utilizadas ao arrepio da Palavra, mas bem ao gosto do poviléu:

1) Pode parecer coisa de somenos importância, mas até o nome da igreja é pensado para atingir a preferência popular. Quando ela tem um nome que a identifica com o bairro, tipo “Igreja X do Jardim Robrú”, não cai bem aos ouvidos dos fiéis. É preciso que o nome mostre grandiosidade, pois embora seja gente humilde, há um gosto secreto pelo pomposo; possuem localização periférica, mas sonham em fazer parte de algo muito maior. Por isso os líderes sintonizados com o gosto popular batizam seus ministérios como sendo de ordem “Mundial” ou ao menos “Internacional”, e até mesmo “Universal”, mesmo antes de sair da periferia. Por que agem assim? O povo gosta.

2) Ao convidar pastores para participar de suas festividades, eles precisam ser famosos e possuir um currículo de “cruzadas de milagres”. Embora Jesus tenha dito que dos homens nascidos de mulher não havia ninguém maior que João Batista, este, entretanto, nunca fez um milagrezinho sequer (Jo 10.41). Logo, ninguém convidaria João para um evento. O povo gosta de tudo que é glamoroso; um convidado que chega de ônibus ou num carro vazando óleo não é boa propaganda do ministério, mas se ele surgir num reluzente automóvel e muitos assessores esperando, isso significa unção e poder. O povo vibra.

3) Nossos patrícios gostam de coisas fantásticas: menina-pastora de 6 anos, homem que morreu e voltou, demônios que dão entrevista, ex-bruxo, ex-guru, ex-vedete.... não basta ter vivido os erros comuns de todos os mortais: precisa ter errado muito. O povo se encanta.

4) Nossa gente dá muito valor a rituais. Se a Bíblia ensina que basta pedir a Deus com fé simples e orar ao Senhor assentado solitário em sem quarto, provavelmente não farão. Mas se o guia espiritual pede para acender velas, escrever num papel, queimar na fogueira e beber água orada, ele o faz. O povo adora fórmulas.

5) Tornou-se comum nas programações das rádios surgir em meio às palavras do pregador um “dekantalabachúria” ou um “ripalabassuriondera”. O que é isso? É uma tentativa de demonstrar “intimidade” com o Espírito, como se fosse o dom de glossolalia. Obviamente trata-se de uma farsa, posto que contradiz todas as normativas que o apóstolo Paulo faz do assunto em I Coríntios 14, ou seja: [1] “quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus”, (portanto não edifica a outrem); [2] “se, com a língua não disserdes palavra compreensível, como se entenderá?”, (com isso banalizam o dom divino e jogam palavras ao vento); [3] “o que fala em outra língua deve orar para que a possa interpretar... não havendo fique calado” (o que nunca acontece, pois são desobedientes); [4] “se puserem a falar em outras línguas na presença de incrédulos, não dirão que estais loucos?” (sim, dirão, e provavelmente estão). Tudo isso, na verdade é uma exibição de imaturidade espiritual.... mas o povo admira tudo o que não compreende.

6) Jamais pregam sobre pecado, arrependimento, santidade, ou viver em comunhão. Isso desagrada a clientela. Seus temas recorrentes são: vitória, prosperidade, conquista, cura, vitória novamente, unção, cabeça e não cauda, pisando os inimigos, e outra vez vitória. É como se a pregação bíblica resumisse a isso. Mas o povo deseja ouvir as mesmas coisas semanalmente.

Jesus, que não ia atrás da opinião do povo, nunca correu atrás de ninguém melhorando a oferta, nunca regateou as condições para participarem do Reino, nunca fez liquidação para alguém entrar no céu ou alargou o caminho estreito para facilitar-lhes a vida. Ao contrário, a partir de certo momento de seu ministério a multidão começou a abandoná-lo (Jo 6.66), escandalizada com suas palavras. Na verdade, a multidão sempre foi um impedimento para que muitos chegassem a Ele (vide a mulher do fluxo de sangue e o cego de Jericó). Certa vez Jesus havia se “retirado por haver muita gente naquele lugar” (Jo 5.13). Desconfio que Ele continua fazendo o mesmo hoje.

Seguir as inclinações do povo é perigoso: a massa anseia por espetáculo, não verdade. A massa se enfada rapidamente, daí a necessidade de atrações permanentes. Deus nos livre de fazer parte de um rebanho de tolos! E Deus nos proteja dos guias espirituais interessados em fazer a vontade do rebanho.

Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br