As pessoas se dirigem ao templo, vão à Igreja - "estão em comunhão" essa é a idéia - e ás vezes já o fazem por certo "vício religioso", é aquilo que se você deixa de fazer chega a incomodar (o organismo parece estar intoxicado por igreja); para alguns outros, ir ao templo parece não ter nenhum significado. Se perguntarmos às pessoas porque elas vão à Igreja, perecberemos a dificuldade que têm de responder uma pergunta aparentemente simples como essa, ou ainda, que dão como resposta aquelas falas decoradas que servem apenas para preencher o vácuo gerado pelo incômodo da pergunta, do tipo: - "Vou para adorar à Deus (...)". Não gostaria de ater-me a isso; mas refletir com mais propriedade sobre o fato de como é curioso que, cada um/a desenvolva de forma diferente sua espiritualidade dentro de uma comunidade de fé.
Falar em espiritualidade implica em estar aberto ao diferente, ao fator plural dentro das estruturas de uma mesma Igreja. A Igreja é composta por pessoas que vivem a unidade em sua mais complexa desuniformidade.
Para alguns, estar na Igreja e a gradar à Deus significa levar "os pãezinhos" para o café, aquele servido no final do culto/ou da missa, e nisso se empenham arduamente. Para outros, estar na Igreja significa fazer parte de um determinado grupo que participa em algum momento da celebralção: com músicas, ou teatros, e coreografias, ou tesouraria, limpeza, dentre outras incontáveis atividades (igreja é como coração de mãe: de alguma forma cabe todo mundo, será?). E para outros, pode significar acompanhar um membro da família, ou mesmo não ter o que fazer em casa, porque geralmente no domingo se fazemos a opção de ficar em casa, temos que nos contentar com "lixo televisivo" (uma pesquisa revelou que a maioria dos brasileiros quando ficam em casa, ficam na frente da televisão, e que a utilizam basicamente como meio de informação e entreterimento/ diversão). Para outros, "estar na Igreja" significa saber das novidades: do bairro, da pobre Mariazinha que o marido deixou, do/a líder espititual; e eu quase me esqueci ... é moda falar do Joãozinho e da família, aquele que gosta de ficar encostado nos programas assistencialistas da igreja, que recebe de bom grado, todo sorridente, uma cesta básica da comunidade, é o elemento estabilizador do vínculo do joãozinho com a instituição, para que por ventura ele e seus 3 filhos não venham se perder no mundo (pobres coitados!) (...). A lista é interminável (...), não posso me ater a ela enquanto um fim em-si-mesmo. Precisamos analisar isso, mesmo que de forma incipiente.
A partir do que tenho observado, na prática, as pessoas fazem isso muito mais por mania adquirida e desenvolvida (enquanto indivíduos em sua pessoalidade) que por impulso, independente de estarem frequentando essa ou aquela Igreja. Essas "manias" adaptadas no eu a partir de um processo de interiorização, possível mediante a socialização, acaba se tornando uma maneira toda peculiar de desenvolver a minha espiritualidade. A mania, ou que seja: a repetição, vira um ritual pessoal, através do qual eu explico a minha adesão ou não à determinado grupo religioso, dependendo de onde eu sou aceito(a).
A pergunta que eu me faço é, até onde tal prática é saudável? As pessoas não deixam de frequentar "um templo", ou uma comunidade religiosa (espaço onde me permite desenvolver a minha espiritualidade), mas resignificam seu tempo de permanência nesse. Meu compromisso não é com Deus, nem muito menos com denominação, meu compromisso é com "minhas manias", meu ritual, (...) meu carisma, meu dom.
E o mundo mergulha de cabeça em um imaginário narcísico (...); me atreveria a dizer que a cada dia mais isso se intensifica. O individualismo é quase "o deus" que determina o fato de eu me relacionar ou não com determinadas pessoas, ou grupos religiosos, na minha empresa, ou aonde quer que eu esteja; "o deus-individualismo" determina o sim ou o não, dependendo das circunstâncias. Em um mundo onde as notícias pretendem sempre ser inéditas, o passado não tem seu espaço, a tradição diferentemente de até algum tempo atrás já não legitima nada - quando o assunto é religião, eu em minha individualidade tenho condições (...) sei muito bem fazer as minhas próprias escolhas, e os critérios, parâmetros de ação é o meu-eu-mesmo .
Tais aspectos, também experimentados por toda sociedade, influenciam diretamente nos relacionamentos dentro de uma comunidade cristã. POr exemplo, em Igrejas onde a tradição impera, o modelo "da ordenação" entra em crise, porque a individualidade enquanto meio possível legitimador de lideranças, põe no púlpito, no altar, no palco para o show: o carismático, o místico, os que vão concorrer com aquele pastor ordenado pelo bispo. Talvez essa seja uma leitura por demais sociológica, mas não seria uma realidade possível? Tantos rachas experimentados pelas mais diversas denominações, tantas igrejas surgindo com os nomes mais exóticos possíveis, só no Estado de São Paulo, a notícia é que 3 novas Igrejas são abertas a cada dia. Isso é um dado que deve nos chamar a atenção.
Os sociólogos Marx Weber, Durkhein, Peter Berger, dentre outros, predizeram a morte de Deus na sociedade moderna, na sociologia hoje diz-se que não, mas que Ele foi resignificado. Eu pergunto, será que Deus foi mesmo resignificado? Não teria sido substituído? Enquanto detentores de uma verdade, não sem muito orgulho e soberba, não nos fizemos a nós mesmos "os deuses"? Deus foi resignificado/ subsituído sim, agora em um ser detido por mim, aprisionado em mim; a tecnologia cristã é tanta que já é possível saber em qual dose eu tenho deus, enquanto uns são caçadores de deus", outros já estão "diante do trono", ou "trazendo a arca", o apelo é que se "toque no altar", tudo parece estar sintetizado em um grande "show da fé". Já existem manuais fantásticos a ponto de extasiar, que falam com precisão como medir o grau de deus dentro dos sujeitos religiosos.
O deus moderno é bricolado e manipulável dependendo das minhas determinações, EU DETERMINO! Deus resignificado (será?) em individualismo: o que era "teocêntrico" até a Idade Média, e posteriormente Cristocêntrico - na Reforma, desenvolveu-se (ou foi desenvolvido?), e hoje é eu-cêntrico, nós deuses de nós mesmos, e cada um por si.
Tudo isso é fruto de um só fator? Não ... não, mas de processos sociais visíveis. A nós, seres humanos, Deus deu a responsabilidade e a capacidade de nos relacionarmos de forma sadia com Ele, com o próximo - o outro, e comigo mesmo; nisso consiste a tensão da vida ... quando nos relacionamos. Cabe a nós, a tarefa de refletirmos sobre nossa postura dentro da Igreja, enquanto membros de uma comunidade de fé, evangelistas por natureza via testemunho de vida e portanto formadores de opinião, não aceitarmos as imposições covardes e pecaminosas, tendências específicas da chamada pós-modernidade; porque evangelho e cristo são incompatíveis com mercado e individualidade (quaisquer que sejam "os guetos" enquanto redutos de escapistas, fomentadores de individualidade).
Falar em espiritualidade implica em estar aberto ao diferente, ao fator plural dentro das estruturas de uma mesma Igreja. A Igreja é composta por pessoas que vivem a unidade em sua mais complexa desuniformidade.
Para alguns, estar na Igreja e a gradar à Deus significa levar "os pãezinhos" para o café, aquele servido no final do culto/ou da missa, e nisso se empenham arduamente. Para outros, estar na Igreja significa fazer parte de um determinado grupo que participa em algum momento da celebralção: com músicas, ou teatros, e coreografias, ou tesouraria, limpeza, dentre outras incontáveis atividades (igreja é como coração de mãe: de alguma forma cabe todo mundo, será?). E para outros, pode significar acompanhar um membro da família, ou mesmo não ter o que fazer em casa, porque geralmente no domingo se fazemos a opção de ficar em casa, temos que nos contentar com "lixo televisivo" (uma pesquisa revelou que a maioria dos brasileiros quando ficam em casa, ficam na frente da televisão, e que a utilizam basicamente como meio de informação e entreterimento/ diversão). Para outros, "estar na Igreja" significa saber das novidades: do bairro, da pobre Mariazinha que o marido deixou, do/a líder espititual; e eu quase me esqueci ... é moda falar do Joãozinho e da família, aquele que gosta de ficar encostado nos programas assistencialistas da igreja, que recebe de bom grado, todo sorridente, uma cesta básica da comunidade, é o elemento estabilizador do vínculo do joãozinho com a instituição, para que por ventura ele e seus 3 filhos não venham se perder no mundo (pobres coitados!) (...). A lista é interminável (...), não posso me ater a ela enquanto um fim em-si-mesmo. Precisamos analisar isso, mesmo que de forma incipiente.
A partir do que tenho observado, na prática, as pessoas fazem isso muito mais por mania adquirida e desenvolvida (enquanto indivíduos em sua pessoalidade) que por impulso, independente de estarem frequentando essa ou aquela Igreja. Essas "manias" adaptadas no eu a partir de um processo de interiorização, possível mediante a socialização, acaba se tornando uma maneira toda peculiar de desenvolver a minha espiritualidade. A mania, ou que seja: a repetição, vira um ritual pessoal, através do qual eu explico a minha adesão ou não à determinado grupo religioso, dependendo de onde eu sou aceito(a).
A pergunta que eu me faço é, até onde tal prática é saudável? As pessoas não deixam de frequentar "um templo", ou uma comunidade religiosa (espaço onde me permite desenvolver a minha espiritualidade), mas resignificam seu tempo de permanência nesse. Meu compromisso não é com Deus, nem muito menos com denominação, meu compromisso é com "minhas manias", meu ritual, (...) meu carisma, meu dom.
E o mundo mergulha de cabeça em um imaginário narcísico (...); me atreveria a dizer que a cada dia mais isso se intensifica. O individualismo é quase "o deus" que determina o fato de eu me relacionar ou não com determinadas pessoas, ou grupos religiosos, na minha empresa, ou aonde quer que eu esteja; "o deus-individualismo" determina o sim ou o não, dependendo das circunstâncias. Em um mundo onde as notícias pretendem sempre ser inéditas, o passado não tem seu espaço, a tradição diferentemente de até algum tempo atrás já não legitima nada - quando o assunto é religião, eu em minha individualidade tenho condições (...) sei muito bem fazer as minhas próprias escolhas, e os critérios, parâmetros de ação é o meu-eu-mesmo .
Tais aspectos, também experimentados por toda sociedade, influenciam diretamente nos relacionamentos dentro de uma comunidade cristã. POr exemplo, em Igrejas onde a tradição impera, o modelo "da ordenação" entra em crise, porque a individualidade enquanto meio possível legitimador de lideranças, põe no púlpito, no altar, no palco para o show: o carismático, o místico, os que vão concorrer com aquele pastor ordenado pelo bispo. Talvez essa seja uma leitura por demais sociológica, mas não seria uma realidade possível? Tantos rachas experimentados pelas mais diversas denominações, tantas igrejas surgindo com os nomes mais exóticos possíveis, só no Estado de São Paulo, a notícia é que 3 novas Igrejas são abertas a cada dia. Isso é um dado que deve nos chamar a atenção.
Os sociólogos Marx Weber, Durkhein, Peter Berger, dentre outros, predizeram a morte de Deus na sociedade moderna, na sociologia hoje diz-se que não, mas que Ele foi resignificado. Eu pergunto, será que Deus foi mesmo resignificado? Não teria sido substituído? Enquanto detentores de uma verdade, não sem muito orgulho e soberba, não nos fizemos a nós mesmos "os deuses"? Deus foi resignificado/ subsituído sim, agora em um ser detido por mim, aprisionado em mim; a tecnologia cristã é tanta que já é possível saber em qual dose eu tenho deus, enquanto uns são caçadores de deus", outros já estão "diante do trono", ou "trazendo a arca", o apelo é que se "toque no altar", tudo parece estar sintetizado em um grande "show da fé". Já existem manuais fantásticos a ponto de extasiar, que falam com precisão como medir o grau de deus dentro dos sujeitos religiosos.
O deus moderno é bricolado e manipulável dependendo das minhas determinações, EU DETERMINO! Deus resignificado (será?) em individualismo: o que era "teocêntrico" até a Idade Média, e posteriormente Cristocêntrico - na Reforma, desenvolveu-se (ou foi desenvolvido?), e hoje é eu-cêntrico, nós deuses de nós mesmos, e cada um por si.
Tudo isso é fruto de um só fator? Não ... não, mas de processos sociais visíveis. A nós, seres humanos, Deus deu a responsabilidade e a capacidade de nos relacionarmos de forma sadia com Ele, com o próximo - o outro, e comigo mesmo; nisso consiste a tensão da vida ... quando nos relacionamos. Cabe a nós, a tarefa de refletirmos sobre nossa postura dentro da Igreja, enquanto membros de uma comunidade de fé, evangelistas por natureza via testemunho de vida e portanto formadores de opinião, não aceitarmos as imposições covardes e pecaminosas, tendências específicas da chamada pós-modernidade; porque evangelho e cristo são incompatíveis com mercado e individualidade (quaisquer que sejam "os guetos" enquanto redutos de escapistas, fomentadores de individualidade).
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